Todos os barcos partiram já
deste cais improvisado no abandono
das memórias queimadas, partiram sem velas,
e ninguém reconheceu o rasto incerto
do definitivo longe.
Só agora dou pelo peso do esquecimento.
A espuma embrulha-me com limos, espanto e sal.
E uma inviolável concha flutua na minha existência.
Apago as estrelas com a manga da absoluta solidão,
percebo que nenhuma luz me habita os olhos
- e fico cego diante do espelho.
Ninguém reconheceu que se morria.
Vasco Gato
in, "IMO"
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