Sempre que se fala em infâncias difíceis, todos dizem que já perdoaram quem as magoou, alimentando assim a visão da Vítima/Carrasco.
Eu, com o passar dos anos, cada vez falo menos da minha infância.
Já senti muita necessidade de falar da minha infância, porque culpava muito os outros pela infância que tive. Punha-me muito no lugar da vítima, na maior parte das vezes, de forma inconsciente.
Até que, numa fase tardia já perto de fazer 40 anos, percebi que a única forma de perdão é o perdão pessoal.
Não há nada a perdoar nos outros.
Assim como já não dependo do perdão dos outros para seguir em frente.
Considerando que atraímos pessoas e situações, isso torna-nos co-responsáveis e co-criadores desses eventos. Dessa maneira, a proposta é perdoarmos o que um dia fizemos, num passado inconsciente que se materializou no evento presente.
Como diz a lei do Karma, se queremos saber o que fizemos, olhemos para o que recebemos.
Ou seja, quem nos faz “mal ou bem” vem apenas mostrar o que um dia saiu de nós, para que possamos escolher se queremos, com o nosso livre arbítrio, manter ou mudar a acção.
Julgar o outro como um fim é viver em ilusão, é projectar fora a nossa questão interna e adiar o verdadeiro processo pessoal de responsabilidade.
Ainda estou a aprender a viver de acordo com isto.
Não é fácil, e nem sempre consigo.
Por vezes, os pensamentos dificultam bastante.
Há dias em que é difícil olhar para o que de mais feio, triste, egoísta, violento e aparentemente injusto chegou à minha vida e perdoar a pessoa que fui, provavelmente numa vida passada.
Há dias em que é difícil aceitar que um dia dei vida a essas energias.
Aceitar que elas voltaram para que eu as olhe de maneira diferente e para que eu lhes dê uma resposta positiva.
Mas, ter consciência de todas estas dinâmicas já é um passo gigante em frente.
Porque, ao ter esta consciência, tenho a oportunidade de as neutralizar, libertando com humildade e sem julgar quem as veio devolver.
Por isso é tão importante focar apenas no nosso processo!
Os outros são apenas o Mensageiro!
Gostei muito. Gratidão por compartilhar seus sentimentos.
ResponderEliminarBem Vinda, Meire!
ResponderEliminarGrata pela visita!