"Durante o sono, a minha mente apagará tudo o que fiz hoje. Amanhã acordarei como acordei hoje de manhã. A pensar que ainda sou uma criança. A pensar que tenho toda uma vida de escolhas pela frente…"
As memórias definem-nos.
O que acontece se perdemos as nossas memórias cada vez que adormecermos?
O nosso nome, a nossa identidade, o nosso passado, até mesmo as pessoas de quem gostamos - tudo perdido numa noite. E a única pessoa em quem confiamos poderá estar a contar-nos apenas metade da história.
Bem-vindos à vida de Christine.
O conceito do livro é aterrador:
Christine, de 47 anos, desenvolveu uma forma de amnésia que se caracteriza pela impossibilidade de armazenar memórias após adormecer num sono profundo.
Todas as manhãs, ela acorda deitada numa cama com um homem que ela não sabe quem é, o seu marido Ben, e tem de reaprender toda a sua história através de álbuns de fotografias e do que o seu marido lhe conta.
Todas as manhãs acorda a julgar, na maioria das vezes, ter apenas 20 anos, outras vezes a achar que é ainda criança. Tudo porque sofreu um acidente com um traumatismo cerebral que a deixou em estado de amnésia.
Todos os dias da sua vida acorda junto de um desconhecido que diz ser seu marido e reaprende novamente a sua história e o que perdeu nos últimos anos.
Não há um único dia em que Christine não tenha que se familiarizar com Ben, com a sua casa e até consigo mesma (várias são as passagens do livro, em que ela se olha ao espelho, incrédula com o que vê!)
Christine é contactada por um médico, Dr. Nash, que pretende realizar um estudo sobre o caso dela e consequentemente ajudá-la a restituir a sua memória. Desta forma, sugere-lhe que comece a escrever um diário onde possa registar o que faz ao longo dos seus dias e o que descobre ou se lembra ao longo dos mesmos.
Achei muito interessante este trecho do livro em que o Dr Nash explica a Christine o que é a amnésia:
“- A memória é uma coisa complexa – diz o Dr Nash. – Os seres humanos possuem uma memória de curto prazo que consegue armazenar factos e informação durante um minuto, mas possuem também uma memória de longo prazo. Aí conseguimos armazenar quantidades imensas de informação e retê-las durante um período de tempo aparentemente indefinido. Hoje em dia sabemos que estas duas funções são aparentemente controladas por partes diferentes do cérebro que partilham algumas ligações neurais. Há igualmente uma parte do cérebro que é aparentemente responsável por reter memórias de curto prazo, passageiras, e por as codificar como memórias a longo prazo, para serem recuperadas mais tarde.
Há dois tipos principais de amnésia – diz ele. – No mais comum a pessoa afectada não consegue recordar acontecimentos passados e aqui os acontecimentos mais recentes são os mais gravemente afectados. Portanto, se, por exemplo, quem sofre de amnésia teve um acidente de viação, pode não se lembrar do acidente, ou dos dias ou semanas que o precedem, mas consegue lembrar-se perfeitamente bem de tudo até ao acidente, ou na pior das hipóteses até seis meses antes do acidente.
O outro tipo de amnésia é mais raro. Às vezes há uma incapacidade de transferir memórias do armazenamento de memória a curto prazo para o armazenamento a longo prazo. As pessoas com este problema vivem no momento, só são capazes de recordar o passado imediato e então apenas durante um curto espaço de tempo.
A Christine sofre de ambos, uma perda de memórias que tinha, além de uma incapacidade de formar memórias novas.”
O marido nem sonha que ela anda nas consultas com o Dr. Nash e que está a escrever um diário onde regista tudo o que vai descobrindo sobre si, porque é contra novos tratamentos alegando que são inglórios e que só a desestabilizam.
Mas, a verdade é que o Ben não lhe conta a verdade sobre certos acontecimentos...não quer que ela recupere a memória, e vai manipulando a situação de acordo com os seus interesses pessoais.
E por isso, todas as manhãs o Dr. Nash telefona para um telemóvel que deu a Christine, a dizer quem é e a revelar-lhe o sítio onde ela esconde o diário. Todos os dias de manhã ela lê o diário para saber quem é. No entanto, esse diário tem muita informação falsa dada pelo seu marido Ben…
O poder de contar a uma pessoa com amnésia, apenas o que lhe convém, manipulando a situação e a história a teu favor...
O livro, contado na primeira pessoa, e sob a forma de diário, deslinda os vários aspectos sobre a protagonista, que até a própria desconhece. Os próprios registos do diário variam, quer em profundidade e interesse das revelações, quer em extensão dos mesmos. O problema de uma pessoa amnésica é que... alguns relatos repetem-se, e o sofrimento em relação a esses relatos é sempre como se fosse a primeira vez a saber.
A vida de Christine é uma intensa espiral de acontecimentos, descrita ainda que de forma manipulada pelo Ben. Além de se focar nos aspectos da vida da protagonista, o autor pormenoriza os cenários ou descrições físicas e estados de espírito das personagens, o que ainda torna o livro mais interessante.
- O que sentir em relação a uma pessoa amnésica?
- Como lidar com pessoas nesta situação, em que todos os dias fazem as mesmas perguntas, e se tem de contar a mesma história todos os dias?
- Como contar todos os dias a uma pessoa que o filho morreu na guerra, e ver a pessoa a sofrer brutalmente a perda de um filho todos os dias como se fosse a primeira vez a receber a notícia?
- Como gerir os sentimentos com uma pessoa que não se lembra de nós, muito menos do amor que sentíamos antes de ter ficado amnésica?
- Como ter uma vida sexual com um marido que não se lembra que tem, e por quem não sente nada?
Não temos informação suficiente para sentir além de pena.
Conhecemos a Christine apenas através do seu diário.
Os reduzidos fragmentos de memória desta personagem fizeram com que a mesma ficasse isenta de qualquer sentimento relativamente aos poucos que a rodeiam.
Este é um dos relatos que ela faz no livro em relação ao que sente ao olhar-se ao espelho:
“ Está outro dia a terminar. Em breve dormirei e o meu cérebro começará a apagar tudo. Amanhã tornarei outra vez a passar por tudo isto. Apercebi-me de que não tenho ambição. Não posso ter. Tudo quanto quero é sentir-me normal. Viver como toda a gente, com uma experiência, com cada dia a dar forma ao dia seguinte. Quero crescer, aprender coisas e aprender com as coisas. Aqui, na casa de banho, penso na minha velhice. Tento imaginar como irá ser. Ainda acordarei, com os meus oitenta anos, a julgar-me no início da vida? Acordarei sem fazer ideia de que os meus ossos estão velhos, as articulações rígidas e pesadas? Não consigo imaginar como aguentarei quando descobrir que a minha vida já passou, que já aconteceu, e que não tenho nada para mostrar do que fiz. Não tenho nenhuma reserva de recordações preciosas, nenhuma riqueza de experiências, nenhuma sabedoria acumulada para legar.
Que somos nós, senão uma acumulação das nossas memórias?
Como me sentirei, quando olhar para um espelho e vir o reflexo da minha avó?
Não sei, mas agora, não posso permitir-me pensar em tal coisa.”
Outro relato dela:
“ Tinha escrito que era como estar morta. Mas isto? Isto é pior. Isto é como morrer todos os dias. Vezes e vezes repetidas. Não consigo imaginar-me a continuar assim por muito mais tempo. Sei que vou adormecer à noite, e amanhã de manhã acordarei sem saber de nada outra vez e a descobrir tudo como se fosse pela primeira vez, a sofrer tudo como se fosse a primeira vez. E assim será no dia seguinte, e no seguinte, eternamente. Não consigo imaginar viver assim. Não é vida, é apenas uma existência, a saltar de um momento para o seguinte, sem qualquer ideia do passado e sem plano nenhum para o futuro. É como eu imagino que devem ser os animais. O pior é que nem sequer sei o que é que não sei. Talvez existam montes de coisas, à espera para me magoarem e fazerem sofrer. Coisas com que eu ainda nem sonhei sequer.”
Continuamente ela tenta definir e emendar a sua própria identidade. Uma mulher que apresenta demasiadas fragilidades e de facto, tudo o que possamos reter a partir do seu diário, e sentir pela protagonista, é uma sentida compaixão pela mesma.
Em relação às restantes personagens, fui constantemente invadida por um sentimento de empatia/dúvida em relação a Ben, que aparenta ser o marido dedicado, ou ao Dr. Nash que ostenta ser o médico profissional de que Christine tanto precisa. E de Claire, a melhor amiga de Christine, que lhe perdeu o rasto há 4 meses atrás… e o Dr. Nash consegue de novo o seu contacto de forma a que as duas se possam reencontrar. Nesse reencontro, muitas revelações são feitas e mudam drasticamente o desenvolver da história.
Conhecemos as personagens através dos relatos da protagonista, e tal como ela, a cada registo do diário é feita uma reformulação, ainda que igual, da identidade de cada personagem.
Este livro é um clássico exemplo de que quatro personagens é o suficiente para se contar uma excelente história.
Um livro cativante, tenso, intrigante, dotado de uma dose de tensão psicológica elevadíssima, provocando uma sensação quase como claustrofóbica. A isto ainda acrescento um desfecho, inesperado, que eu nem sequer tinha equacionado!
Gostei bastante da história, desde o primeiro instante, em que constatamos a angústia da Christine por se ver num corpo que desconhece mais envelhecido, por viver num mundo que lhe é estranho, até ao momento em que começa a registar num diário os seus dias. Senti uma grande ligação com ela, não só por ser um livro escrito na primeira pessoa, mas também porque ficava contente com as suas vitórias, pelo facto de ela conseguir dia para dia, descobrir um pouco mais sobre si mesma. Senti por diversas vezes pena dela porque certamente não é fácil acordar todos os dias a sentir que anos da nossa vida foram roubados e que não nos lembramos das pessoas que mais deveríamos amar. Achei-a uma personagem interessantíssima, não só pela sua condição, mas pela forma como encarava a vida e as pessoas que a rodeavam, pois nunca sabia em quem podia ou não confiar.
Deve ser complicado viver sem saber em quem confiar, e com a sensação que todos lhe estão a mentir, com a suposta desculpa que é para a proteger.
E, o facto de o livro ser escrito, na sua maioria, em forma de diário, tornou-o ainda mais interessante porque faz-nos quase sentir como se tivéssemos na pele da personagem principal e sentirmos as suas vitórias, medos e descobertas quase como nossas.
- Como será viver a saber que vai dormir e amanhã não recordará nada...???
- Como será acordar todos os dias e não reconhecer o rosto que
- nos retribui o olhar no espelho?
- Como será o vazio de não sabermos quem somos, onde estamos e quem são as pessoas que nos rodeiam?
- Como será não conseguir reter rostos ou nomes dos que nos rodeiam, dos que fazem parte do nosso passado e presente. Pior que isso, não se recordar dos momentos que nos trouxeram até ao dia de hoje nem de como foi o dia de ontem. Uma coisa tão simples como o dia de ontem?
É arrepiante pensar que o que sabemos de nós mesmos nos é contado por outra pessoa e que sem essa ajuda não seriamos nada. E saber que a versão dos eventos na boca dos outros nunca é a mesma que dita por nós, por mais semelhante que seja.
Até que ponto, o que nos dizem corresponde à verdade?
Este livro dá sentido à frase "viver um dia de cada vez" porque a Christine só tem mesmo isso, o dia de hoje para aprender todo o passado enquanto está a tentar se situar no presente.
Com um passado e um futuro pela frente, Christine vive cada dia como se este fosse o primeiro e o último, não por vontade própria, mas por motivos de amnésia, onde sempre que adormece, quando acorda a sua memória fica limpa, não consegue reter a sua memória após o sono.
Christine começa a ter alguns flashes de memória, recorda certos momentos, acredita e fica com vontade de cada vez saber mais e mais. E o querer saber mais, recordar-se de mais, acreditar num filho que lhe dizem todos os dias estar morto, acreditar num casamento, num mundo que a rodeia que não existe, ou que poderá mesmo ter existido… pode levá-la a descobrir que isto pode ser o seu fim.
Quanto mais avançava ao longo das 345 páginas, mais certezas eu ia criando que o Ben era um marido que a usava para ter residência europeia; um marido que lhe administrava drogas para não conseguir reter memórias e assim mantê-la perdida e afastada dos seus planos; um marido infiel, ou com segredos que ela descobriu e que por isso ele a atacou até ficar sem memória, e arrependido cuidava dela mas não queria que ela se lembrasse do que ele tinha feito no passado; um marido que por ciúmes a atacou e é responsável por ela ter perdido a memória, etc etc…
Mas na realidade não foi o que aconteceu.
O final é viciante…e inesperado.
Ela foi infiel ao marido Ben, quando o filho deles, o Adam tinha 2 anos, que não sabia que ela tinha um amante, e num desses encontros com o amante Mike num quarto de hotel ela decide acabar com a relação. O amante Mike era psicopata, ciumento e possessivo, não aceitou e atacou-a, deu-lhe um porradão e tentou afoga-la na banheira. Depois, quando pensou que ela estava morta foi embora. Mais tarde descobriu que recuperou os sentidos e foi encontrada toda nua no meio da estrada sem saber quem era e onde estava.
O marido Ben, perdoou-lhe a traição e cuidou dela mas, a situação agravou-se, ela tinha crises fortes e teve de ser internada num hospital psiquiátrico. Quando o marido ia lá visitá-la com o filho Adam de 2 anos, ela não se lembrava deles e ficava muito alterada e tinha crises, e quando não a visitavam ela ficava calma e muito sociável, e por isso o marido Ben decidiu pedir o divórcio por achar que seria melhor para ela. Deixou de a visitar e foi trabalhar para outro país. O filho Adam casou-se e foi viver para outra cidade longe de Londres onde ela estava internada. E a amiga Claire perdeu-lhe o rasto quando ela mudou de hospital. Ou seja, ela passou a não ter visitas no hospital. Foi quando o antigo amante Mike passou a visitá-la no hospital fazendo-se passar pelo marido Ben. Tirou-a do hospital, levou-a para casa e inventou uma vida de mentira para a forçar a ficar com ele, dizendo-lhe que eram casados, que tiveram um filho que morreu na guerra do Afeganistão. Por isso ele não queria que ela tivesse consultas com nenhum médico para não recuperar a memória e descobrir que ele não era o marido Ben, mas sim o antigo amante Mike que a atacou e a tentou matar.
No fim, com a ajuda do diário e da amiga Claire, que lhe contou a verdade, descobriu que a descrição do suposto marido não correspondia ao Ben, e que o filho Adam estava vivo, casado e a viver numa cidade longe de Londres, as duas ligaram os pontos e descobriram que o homem que vivia com a Christine era um homem desconhecido que se fazia passar pelo marido Ben.
Quando chega a casa, o ex-amante já tinha descoberto o diário escondido no armário, leu e descobriu o que ela sabia através da leitura do diário todos os dias.
Decide levá-la para o mesmo quarto de hotel onde a atacou da primeira vez, queima o diário à frente dela para ela não ter como saber o que descobriu, e tudo voltar ao normal no dia seguinte. O problema é que a amiga Claire sabia da verdade e não podiam voltar para casa. Então decide matar a Christine da mesma forma que fez naquele quarto de hotel há 20 anos atrás. Ela luta para se libertar, o quarto pega fogo, o Mike morre no incêndio e ela é salva pela amiga Claire que foi lá com o Dr. Nash à procura dela. Com o porradão que levou e as pancadas na cabeça, recuperou a memória e no hospital é visitada pelo filho Adam e pelo marido Ben.
O livro foi escrito em 2008, e em 2014 foi lançado o filme baseado nesta história, realização de Rowan Joffe; o elenco com Nicole Kidman, Colin Firth, Mark Strong.
Eu já tinha visto dois filmes que abordam esta questão de pessoas com amnésia:
O “Memento” e “O Regresso de Henry”.
E fiquei muito impressionada ao saber que não é ficção, que é real, e que muitas pessoas vivem assim as suas vidas, sem saberem quem são.
O “Memento” é um filme norte-americano de 2000, escrito e dirigido por Christopher Nolan, baseado no livro "Memento Mori" do seu irmão, Jonathan Nolan. É um filme que se desenrola de trás para a frente, e conta a história de Leonard Shelby, um homem que sofre de amnésia, impossibilitando que ele adquira novas memórias de coisas que acabaram de acontecer. As cenas iniciais do filme, (que mostram o final da história) Leonard é visto a matar Teddy (Joe Pantoliano). O filme sugere que essa morte foi uma vingança pelo estupro e assassinato da sua mulher (Jorja Fox) baseado na informação dada por Natalie (Carrie-Anne Moss).
Como Leonard explica, o seu problema é resultado de um ataque feito por dois homens em sua casa. Leonard matou o homem que estuprou e estrangulou a sua esposa; porém, o segundo homem bateu-lhe na cabeça e fugiu. A polícia não acreditou que havia um segundo homem na casa, porém Leonard acredita que o homem era branco cujo primeiro nome era John e seu sobrenome começava com a letra G.
O filme é muito usado para mostrar a diferença entre enredo e história. Os eventos são separados em duas narrativas: uma a cores, e a outra a preto e branco. As sequências a preto e branco são apresentados em ordem cronológica, mostrando Leonard a conversar com um desconhecido pelo telefone num quarto de motel. A investigação de Leonard é mostrada nas sequências a cores, que são apresentadas em ordem reversa. No momento que cada sequência começa, o público não sabe os eventos precedentes, do mesmo modo que Leonard deixa o espectador com a sensação de confusão. No fim do filme as duas narrativas convergem e nós entendemos a investigação e os eventos que levaram à morte de Teddy.
Este deve ser o tipo de desorientação que se sente quando se é amnésico…onde nada faz sentido, e não se pode confiar em ninguém.
É um filme do caraças, que não se esquece!
Muitos especialistas médicos citaram Memento como a mais realista e fiel representação de amnésia anterógrada em filme. O neurocientista Christof Koch, da Caltech, chamou Memento de "a representação mais fiel dos diferentes sistemas de memória na mídia popular", enquanto a física Esther M. Sternberg identificou o filme como "uma exploração quase que perfeita da neurobiologia da memória", concluindo que "Memento é um filme para qualquer um que esteja interessado no funcionamento da memória e, na verdade, que faz a nossa realidade".
A neuropsicóloga Sallie Baxendale escreve, "Diferente dos outros filmes do género, o personagem com amnésia mantém a sua identidade, possui uma pequena amnésia anterógrada e mostra várias das dificuldades do dia-a-dia da desordem. A fragmentada, quase mosáica qualidade das cenas do filme também reflete a natureza "perpetual do presente do síndrome".
Brutal, o filme!
O Regresso de Henry, com o actor Harrison Ford, conta a história de Henry Turner, um bem sucedido, implacável, arrogante e egoísta advogado de Nova Iorque, que precisa de ganhar cada caso a todo o custo, mesmo que signifique sacrificar a vida familiar com a mulher e a filha. Mas um único tiro na cabeça durante um assalto põe fim à vertiginosa vida de Henry, deixando-o fisicamente incapacitado e sem memória da vida que costumava levar. Depois, confrontado com a necessidade de começar de novo, Henry Turner aprende a dura verdade sobre alguém que lhe é totalmente estranho... ele próprio. E transforma-se num homem novo, mais atencioso e dedicado à família.