Jason Peterson
Sempre e sem fim a vida...
tão pesada de incerteza
tão plena de impossíveis
mas a tamanha altura erguida!
Um invisível suporte
- foi-se-lhe o fio e o norte! -
sem fim aos céus sem nome
projecta o sonho incansável
dum reviver sem retrocesso
dum atingir sempre passando.
Plenitude atingida
quer dizer nova largada
sempre e sem fim rediviva
a chama que não se apaga
- que a vida não tem sentido
se dum momento parado
se faz água estagnada
charco em que se adormeça
das canseiras do caminho.
Fonte sem par
nuvem sem forma
a força que não se extingue
alevanta o seu pendão
de combate sem naufrágio
- que quanto mais as balas dão
as setas vão a morte voa
mais clara a nota soa
do clamor de vitória!
Que não há vida sem mortes
avanço sem retrocesso
montanha sem precipícios!
E quanto mais sobe a vida
na projecção dum destino
envolto em bruma de signos
de astrais irreais desígnios
maior a queda se ousa
e mais se ganha a vitória
do quase certo de perdê-la.
Sonhos de mares de procela
sem bússola nem equipagem
sem velas e sem navio!
Mares da angústia vencida
calcada por um desígnio
de não parar sequer no fim!
E lá ao longe na bruma
num longe que sempre e sem fim
renasce sempre mais longe
quando vai ser atingido
envolto em voos de chamas
o cume sem onde espera.
Lá
onde sem fio
onde sem norte
o rumo se tece e manda.
Adolfo Casais Monteiro

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