"Silêncio, que se vai amar.
Todos os amores começam assim.
No silêncio de um olhar, no silêncio de uma mão dependente da outra, de outra mão vadia a vaguear pela cidade nocturna do teu corpo, no silêncio dos lábios trincados, trocados, massajados, abraçados e voltados a abraçar. Todos os amores são silêncio estendido.
E todos os silêncios merecem o amor.
É fundamental mandar foder a política.
É fundamental perceber que só o politicamente incorrecto faz feliz.
É fundamental negar o que te é vendido e comprar apenas o que não está à venda.
Nada do que vale a pena tem preço.
É fundamental amar o silêncio.
Recusar quem o recusa.
Insultar quem o maltrata.
Exigir que o respeitem como se respeita Deus.
E apenas quem não ama teme o silêncio.
É fundamental decretar o silêncio.
Guardar as palavras para o depois do orgasmo, para o depois do pecado.
Todo o pecado te esquece as palavras.
E nenhuma palavra é tão grande que possa dizer o que nos une.
É fundamental o silêncio entre duas pessoas que se querem falar.
É fundamental o silêncio para que o amor se entenda.
E “Amo-te” é uma palavra que só se diz assim:
Shiu."
Pedro Chagas Freitas
Pedro Chagas Freitas
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