terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Dead Man



Dead Man
1995

Directed by Jim Jarmusch

Johnny Depp : William Blake


Dead Man é a história da viagem física e espiritual, de um jovem, num território hostil e selvagem. William Blake (Johnny Depp) viaja para as mais longínquas fronteiras do oeste americano, perdido, gravemente ferido e, perseguido por pistoleiros, encontra um nativo americano chamado "Ninguém", que acredita que Blake seja na realidade o poeta inglês.
Belíssimo road movie do oeste, com características existencialistas e ritmo hipnótico, moldurado por paisagens deslumbrantes e atemporal.
Dead Man, tornou-se uma obra-prima por re-inventar um género, que já tinha sido explorado a exaustão, um western sensível, misterioso e filosófico.

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

OS MISTÉRIOS DA MULHER




Uma discussão sobre a natureza do princípio feminino e as leis que o governam é de vital importância tanto para os homens como para as mulheres de hoje em dia. Como vimos, na nossa cultura ocidental do séc. XX, esse princípio tem sido negligenciado e suas exigências têm sido satisfeitas somente através da observação mecânica e esteriotipada dos costumes convencionais, enquanto que o cuidado e a busca das fontes da vida ficam escondidos nas profundezas da natureza. Essas fontes de energia espiritual ou psicológica só podem ser alcançadas, como dizem os mitos e as religiões antigas, através de uma aproximação certa da essência feminina da natureza, seja ela sob forma inanimada, seja nas próprias mulheres. É portanto da maior importância que procuremos estabelecer uma vez mais uma relação melhor com o princípio feminino.

Ao encarar esse assunto devemos nos desprender de todas as ideias pré-concebidas de como a mulher é ou do que é o “verdadeiro feminino”, e tentarmos uma aproximaçãocom mente aberta.

A nossa civilização tem sido patriarcal por tanto tempo, com o elemento masculino predominante, que a nossa concepção sobre o é feminino talvez se tenha tornado preconceituosa. Por exemplo, tornou-se um “facto” estabelecido entre nós que o masculino é forte e superior e o feminino fraco e inferior. Só recentemente é que esse dogma foi ameaçado pelas mulheres que, em sua revolta, têm não só questionado a teoria, como também demonstrado na prática que esta não é firma. Porém ainda persiste o preconceito de que os homens são, de alguma maneira, independentes na realização pessoal, do carátcer ou força, superiores às mulheres - que o homem em si é superior à mulher. Em sociedades matriarcais o reverso dessa conjectura é verdadeiro.”(...)

In, OS MISTÉRIOS DA MULHER
M. ESTHER HARDING

Iniciação Feminina



" Nós, mulheres que alcançamos sucesso no mundo, somos, via de regra, “filhas do pai”, ou seja, somos bem adaptadas a uma sociedade de orientação masculina, e acabamos por repudiar nossos instintos e energias mais integralmente femininas, rebaixando-as e deformando-as da mesma forma que a nossa sociedade o fez.
Precisamos retornar a esse mundo e redimir o que o patriarcado frequentemente considera apenas como uma ameaça perigosa, chamando-a de mãe terrível, dragão ou bruxa."

in, "CAMINHO PARA A INICIAÇÃO FEMININA"
SYLVIA B. PERERA

A BORBOLETA E O SEU SIGNIFICADO ESPIRITUAL



A borboleta é o símbolo próprio dos adeptos da Sociedade Magjistare. Como a lagarta entra no casulo, transforma-se e sai em forma de borboleta, assim a humanidade passa de uma era antiga, transforma-se em todos os sentidos e entra na nova era.

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

O que falta à Mulher



Falta à Mulher ser A iniciadora, a mulher oráculo, a mulher inspirada, instintiva, a mulher que sente o fogo da sua alma, a mulher fonte de amor que é a Amante e a Mãe da Vida, e essa é a única mulher que ainda pode salvar o Planeta da alienação, da miséria e do caos.
Essa seria a mulher verdadeira que devia antes de tudo erguer a sua voz, a Voz do oráculo que foi silenciada, condenada ao descrédito durante milénios, a voz do útero, o útero que lhe foi arrancado...as entranhas que lhe foram sugadas, o Voz do verdadeiro oráculo que lhe foi proibido pelas religiões patriarcais e pelos seus filósofos.
A Mulher para voltar a ser uma Mulher autêntica, devia Acordar em si a Medusa a Bruxa, a Sacerdotisa, a Vidente, a Pítia...era essa a Mulher que devia acordar para acordar a Humanidade para o seu fogo sagrado, a sua origem cósmica!
Só essa Mulher fará a diferença!

Rosa Leonor Pedro

Antes de ser Mãe




Antes de ser mãe, eu fazia e comia
os alimentos ainda quentes.
Não tinha roupas manchadas,
tinha calmas conversas ao telefone.
Antes de ser mãe, eu dormia o quanto queria,
nunca me preocupava com a hora de ir
para a cama.
E não me esquecia de escovar os cabelos
e os dentes.


Antes de ser mãe, eu limpava minha casa todo dia. Não tropeçava em brinquedos
nem pensava em canções de ninar.
Antes de ser mãe, eu não me preocupava
se minhas plantas eram venenosas ou não.
Imunizações e vacinas então,
eram coisas em que eu nem pensava.


Antes de ser mãe, ninguém vomitou
nem fez xixi em mim,
nem me beliscou sem nenhum cuidado,
com dedinhos de unhas finas.
Antes de ser mãe, eu tinha controle
sobre a minha mente,
meus pensamentos, meu corpo e meus sentimentos,
e dormia a noite toda.


Antes de ser mãe, eu nunca tive que segurar
uma criança chorando,
para que médicos pudessem fazer testes
ou aplicar injeções.
Eu nunca chorei olhando pequeninos
olhos que choravam.
Nunca fiquei gloriosamente feliz
com uma simples risadinha.
Nem fiquei sentada horas e horas
olhando um bebê dormindo.


Antes de ser mãe, eu nunca segurei uma criança,
só por não querer afastar meu corpo do dela.
E nunca senti meu coração se despedaçar,
quando não pude estancar uma dor.
Nunca imaginei que uma coisinha tão pequenina
pudesse mudar tanto a minha vida
e que pudesse amar alguém tanto assim.
Eu não sabia que adoraria ser mãe.


Antes de ser mãe, eu não conhecia a sensação
de ter meu coração fora do próprio corpo.
Não conhecia a felicidade
de alimentar um bebê faminto.
Não conhecia esse laço que existe
entre a mãe e a sua cria.
E não imaginava que algo tão pequenino
pudesse fazer-me sentir tão importante.


Antes de ser mãe, eu nunca me levantei
a noite toda, a cada 10 minutos,
para me certificar de que tudo estava bem.
Nunca pude imaginar o calor, a alegria, o amor,
a dor e a satisfação de ser uma mãe.
Eu não sabia que era capaz
de ter sentimentos tão fortes.


Por tudo e, apesar de tudo, obrigada Deus,
por eu ser agora um alguém tão frágil
e tão forte ao mesmo tempo.
Obrigada meu Deus, por me permitir ser Mãe!

Patricia Vaughan

Deserto interior




Um dia todo mundo tem que atravessar seus desertos,momentos onde a solidão se faz tão presente que parece ter um corpo,a dor faz o tempo ficar lento,demorado e tudo parece parar.

É nesse momento que o ser humano descobre o que são fardos.Os fortes encontram a escada que os fará subir,os fracos se perdem em lamentações,saem buscando os culpados.Ai está a diferença entre,passar pelo deserto e o permanecer nele.

Os que resistem,os que persistem,racionam a água,caminham um pouco mais,dão um passo além das forças.
Os que desanimam bebem toda a água do cantil,esperando pelo milagre.É fruto de uma ação positiva.

Se hoje você está atravessando o seu deserto,seja ele o mais seco do mundo,não importa,em algum canto dele você encontrará um oásis.Na nossa vida o oásis são os amigos que não nos abandonam,são aquelas pessoas desconhecidas que se preocupam com o próximo,é a fé que todos nós temos e renova a esperança.
Mantenha a racionalidade e uma certeza,você vai atravessá-lo.

Não desista de nada,não desista de você,a poeira vai baixar,a tempestade vai passar e,depois de tudo,o sol vai brilhar para você.

A esperança é essa brisa que sopra seus cabelos é a força que nos empurra para a VITÓRIA.É o amor de DEUS que nunca nos abandona.


Paulo Roberto Gaefke

Como dizia o poeta



'Quem já passou por essa vida e não viveu
Pode ser mais, mas sabe menos do que eu
Porque a vida só se dá pra quem se deu
Pra quem amou, pra quem chorou, pra quem sofreu
Ah, quem nunca curtiu uma paixão nunca vai ter nada, não
Não há mal pior do que a descrença
Mesmo o amor que não compensa é melhor que a solidão
Abre os teus braços, meu irmão, deixa cair
Pra que somar se a gente pode dividir
Eu francamente já não quero nem saber
De quem não vai porque tem medo de sofrer
Ai de quem não rasga o coração, esse não vai ter perdão
Quem nunca curtiu uma paixão, nunca vai ter nada, não.'

Vinicius de Moraes


p.s. e como ouvi dizer na "Modern Family",  depois de acabar um namoro:
" ...eu sei que dói agora mas, é assim que sabes que foi uma relação que realmente valeu a pena"

Copo meio cheio, ou meio vazio?


La actitud que tomas frente a los problemas o sucesos que se te presentan cotidianamente es finalmente la que determina la dimensión e importancia de los mismos.
Recuerda que hay dos formas de ver el vaso:
medio lleno y puedes alegrarte al observar la mitad llena o puedes preocuparte por la mitad vacía.

Esto no es ni más ni menos que una cuestión de dos actitudes antagónicas:
la positiva y la negativa.

Sin dejar de ser realista o soñador, puedes transformarte en una persona más positiva y creativa para vivir las circunstancias de una manera menos traumática y más relajada.

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Breaking the Illusion of Limitation

Kymatica - FULL MOVIE




A movie by Ben Stewart, please visit his website:
http://talismanicidols.org/
The questions that have remained timeless and profound throughout history have been all but left for dead. There have been messages left in scripture, archeological remains, shamanic traditions, philosophy, poetry, art and music. As we move closer to an apex of technological and intellectual information, we find ourselves farther and farther away from feeling any comfort or wholeness within our hearts and souls.

Yet even though the concept of spirituality should have been long gone by now, we are seeing an awakening among people and a growing desire for truth.

For the first time in history we are finding that there are no sole saviors or lone prophets to guide us, but a whole race waking from a sleep that has brought this world to the brink of destruction. In a world where Apocalyptic catastrophes seem inevitable, we must look at the solutions in a whole new manner.

As the latest quantum mechanics and metaphysics are just being discovered, we notice that we are not moving forward, but returning to a consciousness that the ancient shamans, mystics and sages have left for us.

It is a new age. An age for responsibility and stewardship. And as we begin to look for answers in the world within, the world without will reflect. In this new age, we will discover that we are all one mind, one organism, and one spirit. We are the savior we have been waiting for.

Cavalo de Guerra - Trailer Oficial 2 Legendado [HD]






Cavalo de Guerra (War Horse), adaptação ao cinema do romance homónimo de Michael Morpurgo, próximo filme de Steven Spielberg depois de As Aventuras de Tintim, ganhou seu primeiro teaser trailer. A prévia é mercada pela grandiloquência épica de Spielberg, com direito a trilha sonora de John Williams. Veja o vídeo legendado em português.

Na trama, em 1914, Joey, um potro com um sinal em forma de cruz no focinho, é vendido ao exército e enviado à Europa, onde se desenrola a Primeira Guerra Mundial. Entregue a um oficial, o animal se torna um cavalo de batalha, testemunhando o horror do conflito na França. A coragem de Joey toca os soldados, enquanto o cavalo sofre pela ausência de Albert, o filho do fazendeiro que ele deixou para trás. Será que ele verá seu dono verdadeiro outra vez?

O novato Jeremy Irvine interpreta Albert. Benedict Cumberbatch, Patrick Kennedy, Tom Hiddleston, David Thewlis, Peter Mullan e Emily Watson também estão no elenco, entre outros. O roteiro é de Lee Hall (Billy Elliot).

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Como conquistar uma Capricorniana



Não espere que uma capricorniana faça loucuras por você. Em se tratando de Capricórnio, Maomé, ou seja, "você" tem que ir à montanha, pois certamente a montanha não virá até Maomé. Para conquistá-la, você vai precisar fazer um curso de alpinismo e munir-se da mesma determinação e paciência que a de um capricorniano. Mostre o seu empenho, isso vai contar muitos pontos a seu favor. O desempenho, bem, fica para a "hora h", mas saiba que esta hora poderá demorar um pouco pra chegar.

Cabreiros, a maior parte deles desconfiam de todos, até que se prove o contrário. Essa vai ser uma importante missão para você: provar que é alguém confiável.
Se só o que está querendo é se divertir um pouquinho, desista, capricornianos não fazem bem esse tipo...
A não ser que isso fique claramente negociado, contratado e autenticado em cartório.
Mas se você quer um relacionamento estável e precisa de segurança emocional, com direito a um bônus de segurança material,escolheu bem, são o típico bom partido. Extremamente reservados e cautelosos, não se mostram e, embora gostem de dar as cartas, você é que vai ter que abrir o jogo, mas devagarinho, pois precisam de tempo para digerir tudo
.
Mesmo que lhe pareçam um osso duro de roer, saiba que lá dentro tem tutano... Profundos, anseiam por confiar em alguém e poderem se abrir. Por baixo de tudo, lá está um romântico e sensual capricorniano. Sim, sensual - os signos de Terra conhecem bem o mundo dos sentidos.

Capricórnio é eficiente, valoriza a qualidade e busca a excelência, portanto não vai decepcioná-lo. Além disso, mantém o nível, é constante e, salvo exceções, é fiel. Como ele se compromete, comprometa-se você também. Quer que tudo com que se envolve seja um sucesso e obviamente o relacionamento se inclui na sua imensa lista de tarefas.

Costumam trabalhar muito para chegar onde querem. Se você tem muito tempo livre, evite ficar pensando bobagens enquanto ele faz hora extra e, melhor, ajude-o nos seus projetos. Capricornianos admiram aqueles que, como eles, sobem montanhas e, nos dias de folga, carregam pedras.

Nem tudo precisa ser tão sério, contudo. Regidos por Saturno, aquele planeta com anéis de gelo, apesar da aparência de "mantenha distância", estão loucos pra se derreter. Capricornianos precisam se divertir, ajude-os a descontrair e brincar - a soltar a criança que existe dentro deles.

Convença-os a tirar férias com você e providencie tudo. Mesmo que eles relutem até a última hora e arranjem mil razões e impossíveis, insista. Isso vai lhes fazer muito bem e a você também – satisfação garantida.

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Aqueles que andam por aí




As pessoas não morrem: andam por aí. Quantas vezes as sinto à minha volta, não apenas a presença, o cheiro, a cumplicidade silenciosa, palavras que saem da minha boca e me não pertencem, penso

- Não fui eu quem disse isto

e realmente não fui eu quem disse isto, foram as pessoas mortas, exprimem opiniões diferentes das minhas, aproximam-se, afastam-se, vão-se embora, regressam, não me abandonam nunca. Em que parte da casa moram, qual o lugar onde dormem, devíamos deixar pratos a mais na mesa, talheres, copos, almoço que chegasse, os guardanapos nas argolas, um lugar no sofá, metade do jornal, dado que não se sumiram: andam por aí, invisíveis

(invisíveis?)

densas de humanidade, tão próximas. Umas alturas muitas, outras uma ou duas apenas por terem que fazer noutro lado, no caso de saírem não vale a pena preocuparmo-nos: têm a chave e a prova que têm a chave está em que entram, silenciosas, amigas, penduram os casacos no bengaleiro, sorriem. Onde se encontra o pai? Na cadeira do costume. Onde se encontra a avó? Lá fora, no quintal, a alinhar a roupa no frio, ou a fazer festas à cadela com a mão leve de sempre. Os cemitérios são lugares vazios, só árvores, sem defuntos, só a gente, que arranjamos as campas, sem entendermos que não existe ninguém lá em baixo. Para quê visitar ausências? Uns pardais nos choupos, nada. Que sítios tranquilos, os cemitérios, que inútil a palavra defunto. Segredam-nos

- Não faleci, sabes?

e não faleceram, é verdade, continuam, não na nossa lembrança, continuam de facto, pertinho. Quase sem ruído mas, tomando atenção, percebem-se, quase não ocupando espaço mas, reparando melhor, ali, iguais a nós, tão vivos. Andam por aí, pertencem-nos, pertencemos-lhes, não deixámos de estar juntos. Nunca deixámos de estar juntos: Quando é necessário poisam-nos a palma no ombro. Na época em que andei muito doente houve sempre palmas no meu ombro, a ajudarem. E agora, na mesa a escrever isto, espreitam o papel, sabem, melhor do que eu, as palavras que se seguem. O meu avô

- Não te aborrece escrever?

ele, a quem nunca vi ler um livro, instalava-se diante dos canteiros, em silêncio, a olhar as árvores, suponho que a olhar o Brasil da sua infância. Avôzinho. Tão diferente de mim: muito moreno, de cabelo encaracolado, lindo. Continua por aí, não deixe de continuar por aí. Um amigo meu, que disse a missa de corpo presente da mãe, contou-me que, ao voltar a casa semanas depois, a primeira pergunta que fez foi

- A mãe?

seguro de a achar num compartimento qualquer. E, de certeza

(isto já não me contou
)
que deu com ela. Que dá com ela a cada passo. Nem é preciso interrogar seja quem for, a mãe encarrega-se de resolver o problema, haverá algum problema que uma mãe não resolva? Não é infantilidade da minha parte afirmar isto: é assim. Frase da minha, ontem

- A gente tem que se divertir ao divertir as crianças, porque se a gente não se divertir elas não se divertem

e eu de boca aberta. É que não há coisa mais séria que o divertimento. Os nossos brinquedos foram uma coisa importantíssima para o meu pai. Confiscava-nos alguns para seu gozo pessoal, secreto. A gravidade apaixonada com que ele jogava. Tenho os postais que o meu avô lhe mandava da guerra em França, derramados de ternura para um garotinho de dois anos. O paizinho gostava que o Janjão, etc. Andam os dois por aí agora, o Janjão e o paizinho. E, se calhar, o Janjão continua a receber postais. E de certeza que o Janjão continua a receber postais. É verdade não é, senhor, que continua a receber postais? Mesmo de bata, no hospital, mesmo professor, mesmo importante? Postais. Há quanto tempo não recebo postais. Uma carta de vez em quando, papelada da agência, das editoras, dos tradutores mas postais, postais-postais, népia. E aqueles que andam por aí, sei lá porquê, não me mandam nenhum. Ou mandam-se a si mesmas e acham que chega. E, em certo sentido, chega. Mas umas palavrinhas, num cartão, caíam bem, há alturas em que umas palavrinhas num cartão caem bem. Não sei porquê mas caem bem. Não faço nenhum livro agora, ando vazio, e o vazio começa a inquietar-me. E se isto acabou? Terei secado? Apareceu-me uma coisa mas não dava, de maneira que fiquei sem nada. As falsas partidas, os equívocos, pensar que se consegue e não se consegue. O que julgarão desta impotência aqueles que andam por aí? Não lhes falo nisso, claro, é o género de assuntos que guardo para mim, guardo quase tudo para mim. A casa frente ao mar que nunca tive, por exemplo, tenho prédios feios. Algumas árvores e prédios feios. Que silêncio. A minha filha, no computador, entretem-se com o que chama um jogo de estratégia, em lugar de se sentar no meu colo. Olho para o écran e não percebo raspas, deve ser uma estratégia complicadíssima. Afirma que está a construir coisas. Ao menos que haja alguém ao pé de mim a construir seja o que for, compenetrada, solene. Se olhar bem o seu ombro vejo a palma que poisou nela. Há palmas tão bonitas quanto os pássaros. Daqui a nada, sem que ela dê por isso, começa a cantar. Basta um bocadinho de atenção para a ouvir cantar. E, ao cantar, começo a escutar as ondas. Uma após outra. Para mim. Atrás destas janelas e destas árvores há-de haver uma praia. Reparem.


António Lobo Antunes

Um Anjo Tocou em Mim



DIANTE DE TI É ASSIM QUE ME SINTO
ME SINTO LEVE
LIVRE
SOLTA
DESPREENDIDA DE TODOS OS PUDORES
ME FAÇO
ME TRANSFORMO
ME ENTREGO
ME TRANSPORTO
ME LEVO POR TUAS PALAVRAS DOCES
SUAVES
PROVOCANTES
ATREVIDAS
OUSADAS
ABUSADAS
DIANTE DE TI
DIANTE DE TEUS OLHOS
ME FAÇO NUA
ME FAÇO MULHER
ME FAÇO MENINA
ME FAÇO FÊMEA NO CIO
ME FASSO DEVASSA
INSANA
LOUCA
INSACIÁVEL
DIANTE DE TI SINTO QUE SOU MAIS
SEI QUE POSSO MUITO MAIS
SER TUDO O QUE TU JÁ SONHASTE ENCONTRAR NUMA MULHER
DIANTE DE TI SOU PAIXÃO
SEDUÇÃO
TESÃO
ENTREGA TOTAL E COMPLETA
ALMA
CORPO
CORAÇÃO
DIANTE DE TI SOU AMOR
O MAIS ETERNO
E SUBLIME AMOR

Fénix




Sou como a Fénix, quando pensam que estou por baixo, acabada, derrotada, vencida e destruída...
Eu renasço das cinzas e volto ainda mais firme e forte, dou a volta por cima. 
Volto com mais fé e esperança. 
Pronta para reaprender, me reinventar, reviver, renascer...
Renovar. 

Quando pensam que estou destruída mostro que não é tão fácil assim me derrubar, 
nasci para vencer, tenho coragem e força, sei cair e levantar... 
Não abro mão de sonhar, não tenho medo da vida e nem de viver, 
tenho PHD em recomeçar...
Não me canso de lutar.

Anónimo

Conto Índio




Un antiguo Indio dijo a su nieto:

"Hijo mío, dentro de cada uno de nosotros hay una batalla entre dos lobos.
Uno es MALVADO.
Es la ira, la envidia, la inferioridad, el resentimiento, las mentiras y el ego.
El otro es BENEVOLO.
Es la dicha, la paz, el amor, la esperanza, la humildad, la bondad, la empatía, la verdad".
El niño pensó un poco y preguntó:
"Abuelo, que lobo gana?" ...
El anciano respondió:
EL QUE ALIMENTAS!!!!!!!

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Que comece agora



"Que comece agora.
E que seja permanente essa vontade de ir além daquilo que me espera.
E que eu espero também.
Uma vontade de ser.
Àquela, que nasceu comigo e que me arrasta até a borda pra ver as flores que deixei de rastro pelo caminho.
Que me dê cadência das atitudes na hora de agir.
Que eu saiba puxar lá do fundo do baú, o jeito de sorrir pros nãos da vida.
Que as perdas sejam medidas em milímetros e que todo ganho não possa ser medido por fita métrica nem contado em reais.
Que minha bolsa esteja cheia de papéis coloridos e desenhados à giz de cera pelo anjo que mora comigo.
Que as relações criadas sejam honestamente mantidas e seladas com abraços longos."


Caio F

Quantas vezes



"Quantas vezes batemos em retirada,
com o coração amargurado pela injustiça...
Quantas vezes sentimos solidão,
mesmo cercado de pessoas...

Quantas vezes voltamos para casa 
com a sensação de derrota...
Quantas vezes aquela lágrima, teima em cair,
justamente na hora em que 
precisamos ser fortes...

Quantas vezes pedimos a Deus 
um pouco de força, um pouco de luz...
E a resposta vem, seja lá como for,
um sorriso, um olhar cúmplice, 
um cartãozinho, um bilhete, 
um gesto de amor...

E a gente insiste...
Insiste em prosseguir,
em acreditar,
em transformar,
em dividir,
em estar,
em ser;

E Deus insiste...
Insiste em nos abençoar,
em nos mostrar o caminho..
Aquele mais difícil,
mais complicado, mais bonito. "

Se puder sem medo




Deixa em cima desta mesa a foto que eu gostava
Pr'eu pensar que o teu sorriso envelheceu comigo
Deixa eu ter a tua mão mais uma vez na minha
Pra que eu fotografe assim meu verdadeiro abrigo
Deixa a luz do quarto acesa a porta entreaberta
O lençol amarrotado mesmo que vazio
Deixa a toalha na mesa e a comida pronta
Só na minha voz não mexa eu mesmo silencio
Deixa o coração falar o que eu calei um dia
Deixa a casa sem barulho achando que ainda é cedo
Deixa o nosso amor morrer sem graça e sem poesia
Deixa tudo como está e se puder, sem medo
Deixa tudo que lembrar eu finjo que esqueço
Deixa e quando não voltar eu finjo que não importa
Deixa eu ver se me recordo uma frase de efeito
Pra dizer te vendo ir fechando atrás da porta
Deixa o que não for urgente que eu ainda preciso
Deixa o meu olhar doente pousado na mesa
Deixa ali teu endereço qualquer coisa aviso
Deixa o que fingiu levar mas deixou de surpresa
Deixa eu chorar como nunca fui capaz contigo
Deixa eu enfrentar a insônia como gente grande
Deixa ao menos uma vez eu fingir que consigo
Se o adeus demora a dor no coração se expande
Deixa o disco na vitrola pr'eu pensar que é festa
Deixa a gaveta trancada pr'eu não ver tua ausência
Deixa a minha insanidade é tudo que me resta
Deixa eu por à prova toda minha resistência
Deixa eu confessar meu medo do claro e do escuro
Deixa eu contar que era farsa minha voz tranqüila
Deixa pendurada a calça de brim desbotado
Que como esse nosso amor ao menor vento oscila
Deixa eu sonhar que você não tem nenhuma pressa
Deixa um último recado na casa vizinha
Deixa de sofisma e vamos ao que interessa
Deixa a dor que eu lhe causei agora é toda minha
Deixa tudo que eu não disse mas você sabia
Deixa o que você calou e eu tanto precisava
Deixa o que era inexistente e eu pensei que havia
Deixa tudo o que eu pedia mas pensei que dava



Oswaldo Montenegro





Sou feita de dúvidas




' Pelo o que me diz respeito. Eu sou feita de dúvidas. O que é torto, o que é direito. Diante da vida. O que é tido como certo, duvido. E não minto pra mim. Vou montada no meu medo. E mesmo que eu caia, sou cobaia de mim mesma. No amor e na raiva, vira e mexe me complico. Reciclo, tô farta, tô forte, tô viva. E só morro no fim. E pra quem anda nos trilhos cuidado com o trem. Eu por mim já descarrilho. E não atendo a ninguém. Só me rendo pelo brilho de quem vai fundo. E mergulha com tudo, pra dentro de si. Lá do alto do telhado pula quem quiser. Só o gato que é gaiato, cai de pé... '

Martha Medeiros  

El Karma y sus 12 Leyes.wmv




Filosofia Zen, Budista e Tibetana

Amado Filho





Amado Filho,

O dia em que este velho já não for o mesmo, tenha paciência e me compreenda.

Quando eu derramar comida sobre minha camisa e esquecer como amarrar meus sapatos, tenha paciência comigo e se lembre das horas que passei te ensinando a fazer as mesmas coisas.

Se quando conversa comigo, repito e repito as mesmas palavras e sabes de sobra como termina, não me interrompas e me escute. Quando era pequeno, para que dormisse, tive que contar-lhe milhares de vezes a mesma estória até que fechasse os olhinhos.

Quando estivermos reunidos e, sem querer, fizer minhas necessidades, não fique com vergonha e compreenda que não tenho a culpo disto, pois já não as posso controlar. Pensa quantas vezes quando menino te ajudei e estive pacientemente a seu lado esperando que terminasse o que estava fazendo.

Não me reproves porque não queira tomar banho; não me chames a atenção por isto. Lembre-se dos momentos que te persegui e os mil pretextos que tive que inventar para tornar mais agradável o seu banho.

Quando me vejas inútil e ignorante na frente de todas as coisas tecnológicas que já não poderei entender, te suplico que me dê todo o tempo que seja necessário para não me machucar com o seu sorriso sarcástico.
Lembre-se que fui eu quem te ensinou tantas coisas.
Comer, se vestir e como enfrentar a vida tão bem com o faz, são produto de meu esforço e perseverança.

Quando em algum momento, enquanto conversamos, eu chegue a me esquecer do que estávamos falando, me dê todo o tempo que seja necessário até que eu me lembre, e se não posso fazê-lo não fique impaciente; talvez não fosse importante o que falava e a única coisa que queria era estar contigo e que me escutasse nesse momento.

Se alguma vez já não quero comer, não insistas. Sei quando posso e quando não devo.

Também compreenda que, com o tempo, já não tenho dentes para morder, nem gosto para sentir.

Quando minhas pernas falharem por estarem cansadas para andar, dá-me sua mão terna para me apoiar, como eu o fiz quando começou a caminhar com suas fracas perninhas.

Por último, quando algum dia me ouvir dizer que já não quero viver e só quero morrer, não te enfades. Algum dia entenderás que isto não tem a ver com seu carinho ou o quanto te amei.

Trate de compreender que já não vivo, senão que sobrevivo, e isto não é viver.

Sempre quis o melhor para você e preparei os caminhos que deve percorrer.

Então pense que com este passo que me adianto a dar, estarei construindo para você outra rota em outro tempo, porém sempre contigo.

Não se sinta triste, enojado ou impotente por me ver assim. Dá-me seu coração, compreenda-me e me apóie como o fiz quando começaste a viver.

Da mesma maneira que te acompanhei em seu caminho, te peço que me acompanhe para terminar o meu.
Dê-me amor e paciência, que te devolverei gratidão e sorrisos com o imenso amor que tenho por você.

Atenciosamente,

Teu Velho

Autor: Levi da Silva Barreto

sábado, 18 de fevereiro de 2012

Jose Gonzalez - Heartbeats

Qual o Caminho da Deusa?




Tanta confusão acerca da deusa como se a Deusa fosse agora uma coisa qualquer à mão de qualquer um/a...tão fácil como apanhar uma flor e a por na jarra lá em casa a enfeitar a mesa...ou a estante...

Não há Deusa nenhuma algures...ou há e é sempre a mesma e está em todo lado onde a vida está. Eternamente ELA. Uma ESSENCIA, uma voz...ecoando dentro de nós...
Ela foi e é Lilith, ela foi e é Inana e Isis...ela é e foi Astarte, ela é e foi Sophia, ela é e foi Maria, ela é foi cada uma de nós, cada mulher...que encarna o Princípio Feminino e é fiel a si mesma e a sua origem.

O problema da mulher actual é que ela pensa que é livre e não vê que foi dividida e não sabe há muito quem ela foi ou o que é...perdeu a sua indentidade...perdeu a ligação à sua natureza, para ser só filha do Pai, saida da cabeça de Zeus que engoliu sua mãe Métis para lhe tirar o poder,; essa foi a mulher que herdamos, uma filha sem mãe...e agora ela projecta-se numa imagem ou numa ideia vaga religiosa ou pagã, da Deusa, mas a Deusa é a mulher que caminha dentro si, no seu coração...que é o imaculado coração de Maria e de Ísis...


 Rosa Leonor Pedro

SINTO MUITO!




"Como faz com toda gente, a vida já aprontou tantas comigo,
já me testou emocionalmente de tantas maneiras,
já cansou tanto a minha beleza com suas armadilhas medidoras de fé, que,
 no fim das contas,
ela me trouxe a graça e a liberdade de experimentar
 viver com um coração que não é de todo valente,
mas que é humano.
Coração humano é feito para o afeto,
quer a gente consiga viver ou não esse chamado.
Coração humano é feito as borboletas, imaginado para espalhar pólen de luz,
alegria, bondade, amor, de incontáveis jeitos, nesse imenso jardim,
com a vantagem preciosa de geralmente viver muito mais tempo do que elas.
Coração humano, por essência, é criador de beleza.
É rascunho de Deus pra gente passar a limpo.
E quanta dor acontece, meu Deus, porque a gente não passa.
Que me desculpem os apáticos: 
não tenho medo de sentir, eu sinto muito!"


Ana Jácomo

Para ti que estás triste ......




Vai passar, tu sabes que vai passar. 
Talvez não amanhã, 
mas dentro de uma semana, 
um mês ou dois, quem sabe? 
O verão está aí, haverá sol quase todos os dias, 
e sempre resta essa coisa chamada “impulso vital”. 
Pois esse impulso é, às vezes cruel, porque não permite
 que nenhuma dor insista por muito tempo, 
te empurrará quem sabe para o sol, 
para o mar, para uma nova estrada qualquer e, 
de repente, no meio de uma frase ou de um movimento
 te surpreenderás pensando algo assim como ‘estou contente outra vez’…”


Caio F.

Silencie-se....



Sabedoria é o desconhecer
Simples assim, mais nada...
Conhecer implica em seguir
Em mergulhos profundos
Em vôos mais altos...
Sabedoria é fingir-se morto
Esconder-se quieto
No canto da vida...
E esperar passar
observar a bola
que sobe
e desce
e de cima volta
sobre quem jogou...
Sabedoria é calar-se
dizer que não sabe
e ouvir as tolices
e perceber as loucuras
enquanto no silêncio
espera-se apenas
os minutos despejarem-se
no vaso perene
das horas...

Jacqueline Bulos Aisenma

Eu vim aqui me buscar




Eu vim aqui me buscar. E aqui parecia ser longe, muito longe do lugar onde eu estava, o medo costuma ver as distâncias com lente de aumento. Vim aqui me buscar porque a insatisfação me perguntava incontáveis vezes o que eu iria fazer para transformá-la e chegou um momento em que eu não consegui mais lhe dizer simplesmente que eu não sabia. Vim aqui me buscar porque cansei de fazer de conta que eu não tinha nenhuma responsabilidade com  relação ao padrão repetitivo da maioria das circunstâncias difíceis que eu vivenciava. Vim aqui me buscar porque a vida se tornou tediosa demais. Opaca demais. Cansativa demais. Encolhida.
Vim aqui me buscar porque, para onde quer que eu olhasse, eu não me encontrava. Porque sentia uma saudade tão grande que chegava a doer e, embora persistisse em acreditar que ela reclamava de outras ausências, a verdade é que o tempo inteirinho ela falava da minha falta de mim. Vim aqui me buscar porque percebi que estava muito distante e que a prioridade era eu me trazer de volta. Isso, se quisesse experimentar contentamento. Se quisesse criar espaço, depois de tanto aperto. Se quisesse sentir o conforto bom da leveza, depois de tanto peso suportado.Se quisesse crescer no amor.

Vim aqui me buscar, com medo e coragem. Com toda a entrega que me era possível. Com a humildade de quem descobre se conhecer menos do que supunha e com o claro propósito de se conhecer mais. Vim aqui me buscar para varrer entulhos. Passar a limpo alguns rascunhos. Resgatar o viço do olhar. Trocar de bem com a vida. Rir com Deus, outra vez. Vim aqui me buscar para não me contentar com a mesmice. Para dizer minhas flores. Para não me surpreender ao me flagrar feliz. Para ser parecida comigo. Para me sentir em casa, de novo.
Vim aqui me buscar. Aqui, no meu coração.

Ana Jácomo

Doçura





"Doçura

é a maestria dos sentidos.

Olhos que vêem

o fundo das coisas...

Ouvidos que escutam

o coração das coisas...

Boca que fala

a essência das coisas...

Doçura é o resultado

de uma longa jornada interior

ao âmago da vida

e a habilidade de lá

descansar e assistir.

O que é

realmente doce

nunca pode ser

vítima do tempo...

Porque doçura

é a qualidade da pessoa

cuja vida tocou a eternidade!"




Brahma Kumaris








Você vai aprender




"Você vai aprender, filho.
Que a intensidade pode roubar você de si mesmo.
Que é preciso leveza para se pertencer.
Você vai aprender a se distrair no meio do caminho – para ter o privilégio de errar.
Vai aprender que as descobertas estão nos atalhos.
E que é preciso alcançar o escuro denso para estar diante de todas as possibilidades.
Você vai aprender a se deitar noite escura e amanhecer ensolarado.
E vai entender que na perda mora o verdadeiro começo.
Talvez você leve meia vida para isso.
Talvez mais, como eu.
Mas até lá, olha que sorte: eu vou estar segurando a sua mão."

Texto de Cristiana Guerra dedicado ao seu filho Francisco. 

Desejo que...




"Desejo que desejes alguma mudança,
Uma mudança que seja necessária e que ela não te pese na alma,
Mudanças são temidas, mas não há outro combustível para essa travessia.
E desejo, principalmente,
Que desejes desejar, que te permitas desejar,
Pois o desejo é vigoroso e gratuito, o desejo é inocente,
Não reprima teus pedidos ocultos, desejo que desejes vitórias, romances, diagnósticos favoráveis, mais dinheiro e sentimentos vários,
Mas desejo, antes de tudo, que desejes, simplesmente."

Martha Medeiros 

Momento mágico!!!




"Ela dança como se fosse leve, pluma, nada.
Ela sente como se fosse força, peso, tudo.
Externa palavras como se desse uma pirueta.
Demonstra o que sente como se fosse samba.
E todos os gingados requebram com as emoções.
Dança querendo mostrar a vida que não existe negação, quando a aceitação é positiva.
Ela gira, gira, gira e se delicia com a melodia de sentimentos novos.
Não se envergonha com os passos errados e continua no ritmo familiar que já tanto conhece.
Fecha os olhos, mas não fecha o corpo.
Abre a mente, mas não fecha a alma.
Ela é linda, principalmente, quando dança.
E quando não existe música, ela faz aquele som na boca,
como quem canta uma canção de ninar.
Abraça o corpo, fica na ponta do pé e sai rodopiando,
rodopiando, rodopiando, como se nada fosse parar..." 

Rebeca ( Néctar da flor)

acabaram-se as 'desculpas'




Eu sei que posso e também sei que ainda cedo.

Às desculpas e aos pretextos, ao nevoeiro e às circunstâncias, ao que é alheio e levo a peito, aos subterfúgios do meu ego, à voz da mente que transforma as emoções em armadilhas.

Mas também sei, e também posso, diluir essa ilusão de pensar que estou num 'filme' onde o guião até parece que não é escrito por mim e por toda e cada vez que me demito de assumir o papel principal na minha vida.

Passei anos e anos a dar protagonismo aos outros e a inventar para mim mesma que as suas imperfeições eram a causa de toda a minha infelicidade.
Ou que os momentos tão perfeitos que às vezes me proporcionavam eram motivo de alegrias.

Deixei-me formatar por mil padrões e resignei-me, tantas vezes, pelo facto de 'ser assim', como se 'ser assim' ficasse sempre aquém disso tudo que sei ser, exigindo a mudança a toda a gente à minha volta e negando o meu maior poder de todos, que é o de mudar-me a mim, mudar-me em mim e transcender-me ou, simplesmente, juntar numa só todas as que sinto ser e, em vez de 'ser assim' - a balançar entre elas todas - tornar-me finalmente inteira.

E leva tempo, eu sei que leva, como as marés e como a lua e como tudo, avança-se e recua-se, recua-se e avança-se, enche-se a mingua-se, esvazia-se e volta a encher-se, mas nunca, como agora, tive tanto a consciência de que a tristeza e a alegria não dependem de ninguém, porque ambas estão em mim e só eu posso 'accioná-las'.

Nunca, como agora, fui tão sábia em teorias e cada vez me culpo menos por nem sempre as pôr em prática - nem a maré está sempre cheia, nem a lua sempre intacta.

Nunca, como agora, me senti, ao mesmo tempo, tão assustada e tão tranquila...

Sim, é muito assustador quando enfim realizamos que se acabaram as desculpas.
Que não há nada nem ninguém que tenha a culpa, que desejar que à nossa volta o mundo mude é só mais um pretexto para não mudarmos nada em nós, que esperar que os outros mudem é tão inútil como esperar que a chuva aqueça ou que o sol molhe.

E, por isso, e ao mesmo tempo, é tão tranquilo ter a certeza de que nada nem ninguém tem um poder maior que o meu.
E que esta imensa solidão que vem à tona, quando nada nem ninguém pode fazer nada por mim, é só a mente a colocá-la no ângulo do ego carente.

Porque ninguém fica só quando se tem por companhia, ninguém é só quando se oferece, por inteiro, a si próprio e aos outros, ninguém pode mais dar como desculpa o facto de não 'ter' amor, porque amor é só para SER.

E eu sei que posso e sei que cedo.
Ainda cedo e ainda posso, sob o pretexto do medo,  queixar-me que não 'tenho' amor.
Tudo muito assustador e tão tranquilo, ao mesmo tempo:
ter a noção que, simplesmente, são desculpas e que só eu tenho o poder para as dissolver, sempre que vêm à tona.


Inês de Barros Baptista

eu estou bem, obrigada, e vocês?




"É.
Pensar dá trabalho, na maior parte das vezes também dá asneira, sobretudo quando se pensa e repensa e se volta a pensar e às tantas o novelo na cabeça é tão grande que parece que já nem somos nós que pensamos, mas alguém que nos pensa, e que em vez de pensarmos somos pensados, prensados pela mente, entalados por tanta coisa que nos sufoca e, de repente, damo-nos conta que não é nada, pensar para quê?

Estar bem, obrigada, é tão raro, se forem a ver é tão português perguntar, então, como estás?
E nunca é estou bem obrigada, é sempre um esgar, um mais ou menos, um vai-se andando, um menos mal e hoje não é nada disso, pelo menos comigo, estou mesmo bem, obrigada, sem me obrigar a coisa nenhuma que não seja fluir e boiar e escrever de rajada o que me sai  directamente dos dedos e nem sequer me passa pela cabeça pensar se o que estou a escrever faz sentido ou não faz.

É.
Estou bem, obrigada, e vocês?
e, se hoje fosse outro dia,  um dia de esgar, um dia de mais ou menos, um dia de vai-se andando, um dia de mal me querer, talvez eu estivesse preocupada, stressada, a pensar qualquer coisa do género, ai tanta coisa para arrumar e eu aqui a escrever parvoíces, mas eu hoje estou bem, obrigada, e isso faz com que tudo, obrigada obrigada obrigada!, também esteja bem.

O que me leva, mais uma vez, a constatar que não dependo de nada nem de ninguém para estar bem - obrigada! - e que, ultimamente, este bem estar tem sido tranquilo e bom de sentir.

É.
Hoje é só isto, nada assim muito importante ou, pelo contrário, mais importante do que tudo o resto que até hoje já aqui escrevi, mais espontâneo, mais verdadeiro, sem que nada sufoque o meu peito, sem que nada me prense a cabeça, obrigada, estou bem, e então vou andando.

Ainda não sei o que vai ser o jantar, mas qualquer coisa se há-de arranjar, a tralha já já irei pô-la no lixo, a sala vai ficar arrumada e depois, amanhã, outro dia, quero pintar-lhe as paredes de branco.

Estar bem, afinal, é tão fácil, é só bem me quero bem me quero bem me quero e não dou sequer a hipótese de, em algum momento, não me querer mais ou me querer mal.
e vocês?..."


Inês de Barros Baptista

Amor...amor...amor...




...não houvesse esta mania de querer dar nomes a tudo e o amor, seguramente, não gerava mais equívocos.

...não houvesse tanta gente a defini-lo e a querer rimá-lo, a querer contê-lo e assegurá-lo, a precisar de o ter para si, a medi-lo e a pesá-lo, a oferecê-lo à boca cheia e a cobrá-lo de mãos vazias, a manipular-lhe o cheiro e o toque e o paladar, a compor-lhe melodias e a descompô-lo em várias partes, a procurar-lhe uma batida e a perdê-lo em pulsações, a confundi-lo com uma série de emoções que vão do ciúme à raiva, a manipular-lhe o gosto e a gastá-lo em ninharias, não fosse esta linguagem que quer dar significante ao que não tem nem pode ter significado, esta fragilidade humana de sentir que o amor pode não fazer sentido, a gramática a tornar a substância em substantivo, não fosse isto e o amor não era isto nem aquilo nem aqueloutro, apenas era aquilo que é: inominável.

...não fossem os romances, as novelas, os Romeus e as Julietas, os mitos que se criam em torno do grande amor da nossa vida - sempre na pessoa de outro - as ilusões do felizes para sempre e da morte a separar-nos do que é uno e indivisível, se não houvesse a biologia dos afectos nem a química dos corpos nem os traumas da genética nem as doenças dos homens, o amor tanto podia ter o nome de uma flor como a textura de uma pedra como a cor de uma floresta como o som da via láctea e seria, simplesmente, aquilo que é: inominável.

...se não houvesse nenhum nome para o amor, o amor não era nada e era tudo aquilo que houvesse.

...se, enfim, nos libertássemos de todas as definições e de todos os poemas e de tudo aquilo que dizem que o amor foi ou vai ser, todas as crenças e todas as frustrações, todas as sombras, se em vez de o nomear o respirássemos, se em vez de o envolver nas nossas histórias nos envolvéssemos com ele sem lhe chamar coisa nenhuma, se fosse fácil mais ninguém falava nele porque não era preciso.

...mas todos falam, todos falam no amor, todos falam do amor, todos chamam ao amor o nome amor, todos nomeiam tantas coisas quando dão nome ao amor, todos crêem no amor, todos o querem, há tantas definições afinal para a mesma coisa e não há nenhuma coisa, em bom rigor, para se dizer que o amor é.

...porque não é coisa nenhuma, apenas é: inominável.


Inês de Barros Baptista

Posse




Posse, é :

possuir algo ou alguém, pois...

reivindicar que coisas e/ou pessoas nos pertencem,
ah!... digo eu, a forçar uma pose desprendida, mas presa ainda - e como ainda tanta gente - a esta ilusão da posse.

Recuo e ocorrem-me coisas,imagens... e como eu me ria - como ainda hoje me rio - com a perspectiva de que alguém possa pensar que, de alguma forma, eu posso ser pertença sua.

cada vez mais, vou tomando consciência de que esta nossa humanidade é, de facto, um campo fértil para equívocos. 
E que a linguagem, com os seus pronomes possessivos e outros modos de pertença, nos faz crer na ilusão de sermos donos das coisas. 

'meus' e 'minhas' são designações que usamos, todos nós, a toda a hora.
E que a todos nós conferem o prazer e o poder de possuir, seja coisas ou pessoas.
Mas as coisas, e disso sabemos todos, são perenes e efémeras.

O que hoje é a minha casa pode amanhã ser um mero monte de escombros - basta haver um terramoto! -, o que hoje é o meu carro pode amanhã ter outro dono, o que hoje é o meu-seja-o-que-for pode amanhã ter-se perdido, desfazido, ou até não ter sentido ser mais meu, porque tudo é passageiro e da matéria pode um dia não sobrar mais nenhum rasto para lhe contar a história ou dar-lhe um título de propriedade.

Já as pessoas - a minha mãe e o meu pai, os meus irmãos e os meus filhos,  os meus amigos e amigas - são meus como?
Em que ilusão caímos todos, quando dizemos ao marido ou à mulher, à namorada ou ao namorado, 'sou só tua', 'és sempre meu'?

Ah, ao mesmo tempo é tudo tão engraçado, tudo tão sem importância quando, enfim, nos damos conta de que só nós nos pertencemos a um nível que está para além da linguagem. 
E que é precisamente quando não nos pertencemos, quando deixamos de exercer o nosso poder legítimo, quando damos aso ao medo e asas a esta fantasia de que estamos separados que vem à tona a ilusão de ter e querer possuir algo ou alguém que preencha e que complete o que, por si só, já é completo e preenchido.

Tudo muito divertido, realmente, quando olhamos de frente esta nossa humanidade e reparamos que nem a ela pertencemos, nem quando ela nos agarra e nos comprime e nos limita e nos faz acreditar, em frente ao espelho, em frente aos outros, que este é o 'nosso' corpo.

Tudo um pouco baralhado, sim, dentro da minha cabeça que talvez nem seja minha, tudo tão claro e transparente, quando transpondo a matéria eu me transcendo e me sinto pertencer e possuir tudo e nada ao mesmo tempo.

Tudo parecendo o que não é e sendo aquilo que não parece, quando escrevo aquilo que sinto e me dou conta que o que sinto estará sempre para além daquilo que escrevo.


Inês de Barros Baptista

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Pseudo democracias africanas




Violação colectiva alerta para violência contra mulheres

Uma recente violação colectiva de uma camponesa decretada por um chefe de uma aldeia, como castigo por quebrar um tabu, tem agitado Moçambique. Enquanto alguns denunciam a violência contra as mulheres, outros defendem a "tradição" na tentativa de justificar a agressão.

A vítima, de 35 anos e mãe de cinco filhos, é acusada de ter atravessado uma terra sagrada interdita às mulheres, no dia de uma cerimónia de iniciação para adolescentes.
O chefe da aldeia decidiu puni-la: ordenou que 17 jovens a violassem.
Quatro desses jovens foram presos, mas a data do julgamento ainda não foi marcada.
O caso que ocorreu em Dezembro passado no norte do país, tem provocado um debate acalorado sobre o estatuto das mulher em Moçambique geralmente elogiado por ter promovido a igualdade entre géneros na política.
O anterior primeiro-ministro era uma mulher, enquanto o Parlamento tem uma presidente e 39% são deputadas. Mas é apenas um fachada porque as mulheres moçambicanas são muitas vezes vítimas de violência, acusa o activista Gilberto Macuacua.
Em Janeiro, um homem cortou o braço à sua mulher com um machado quando ela o acusou de a trair com a sua prima. Esta história aconteceu no centro do país.
No ano passado, um outro homem penetrou a vagina da sua mulher com uma baioneta e depois costurou-a.

Na semana passada, estava eu no Chimoio...parei num café para comprar água, e mesmo ao meu lado estavam 8 negros a gabarem-se ao dono do café que na noite passada, tinham entrado numa sanzala e, numa cubata onde estava uma mulher, o marido e um bebé, contaram a rir-se que tinham violado a mulher até ela morrer, mataram o marido e deixaram lá o bebé a chorar na cubata...
A pessoa que estava ao meu lado, puxou-me logo para fora do café antes que eu dissesse alguma coisa...

Esta é a realidade em Moçambique!
Esta é a realidade em África!
As mulheres são tratadas como gado!

"Os homens ainda não estão preparados para verem as mulheres como pessoas com os mesmos direitos", afirmou Macuacua.
"Há pouco ou nenhum conhecimento dos direitos humanos, ainda mais dos direitos das mulheres".

O LADO FEMININO DO HOMEM...




O princípio Feminino, e o lado feminino do homem tem de ser activado, mas a questão é que se a mulher ela própria está desactivada da sua essência feminina, como vai o homem integrar o seu feminino, se não tem espelho na mãe nem na amante?

A questão pois aqui, o nosso trabalho específico, é fazer acordar na mulher antes de mais, essa consciência do seu feminino sagrado, essa parte da natureza Mãe e da sua própria natureza intrínseca da qual foi secularmente alienada, a parte que lhe foi usurpada e negada desde menina, para poder então haver a integração dos opostos...sem isso não há integração nem complementaridade entre homem-mulher porque a mulher está desfocada diria ou amputada da sua natureza essencial, aquela parte que a torna a mediadora das forças cósmico telúricas que une céu e terra, o baixo e o cimo, homem e mulher...

Da mesma maneira que ficou às expensas da mulher a gestação do ser humano no seu ventre...também é ela a iniciadora do homem e isso foi deturpado, tendo sido invertidos os termos do casamento alquímico...
É evidente que o homem tem a sua componente feminina, como a mulher tem a sua componente masculina que Jung definiu como anima no homem e animus na mulher e com o que eu não concordo. Eles são respectivamente anima a mulher e animus o homem, mas na ligação (casamento) alquímica (no interior) há a revelação ou o despertar dos seus opostos dentro e fora...isto grosso modo, é o que eu penso. Não nego nem nunca neguei o feminino nem a Deusa no homem...mas o processo inverteu-se e a mulher foi desligada da sua natureza essencial, a sua verdadeira natureza feminina.

A mulher que conhecemos não é a mulher verdadeira.
É uma mulher fragmentada, dividida e sem identidade...

TEMOS AGORA EM MÃOS O TRABALHO DESSE INTEGRAÇÃO NA MULHER.
Em cada uma de nós...depois o homem e o seu feminino, é com ele...descobri-lo e abrir-se à Mulher e a Deusa.

Rosa Leonor Pedro