Por Márcia Tiburi
(Quando desejamos ilusões, não atingimos a verdade de nossos próprios desejos)
"Costumamos querer sem saber o que queremos, costumamos falar de desejo sem saber o que ele significa. Fala-se tanto em desejo que ficamos confusos com seu sentido. Arthur Schopenhauer, no século 19, pensava que o desejo era o motor do sofrimento. Desejar resultava em ser infeliz. O filósofo tinha certa razão, pois o desejo não vem com o equilíbrio como brinde. E a pergunta, a principio ingênua, "o desejo é afinal bom ou ruim?" não nos abandona.
Há quem fale da diferença entre querer e desejar, uns afirmando que o querer é racional e consciente e o desejo é irracional e inconsciente. É uma boa distinção. De qualquer modo, mesmo confusos, sabemos que o desejo sempre nos põe diante de um abismo que apenas com paciência e atenção somos capazes de atravessar em nosso dia-a-dia. Esse abismo é o outro. É visando-o que descobrimos o que ele realmente é."
Como alguém deveria ser
"Muitas vezes exigimos das pessoas atitudes e comportamentos que nós mesmos não temos, mas que supomos ser nossa característica essencial. Perguntados, entretanto, nem sempre podemos afirmar com precisão onde, como e quando tais características se manifestam em nós.
Qual será a função dessa exigência?
Se critíco o outro por sua insensibilidade é porque, ao contrário, eu sou sensível?
Falando do outro eu sempre me convenço de que sou melhor do que ele. Ou, antes, por me considerar perfeito, já afirmo minha competência na crítica. Sobretudo, acoberto a hipótese de que eu esteja na berlinda.
Nossos comportamentos geram valores. Não são apenas o fruto de valores preexistentes, mas nós mesmos construímos as bases a partir das quais agimos em nosso futuro e interferimos, sobretudo, no modo de ser de outras pessoas. Esse modo de ser leva a decisões e acções mais ou menos livres que moldam a totalidade da vida.
"A esperança é a confusão entre o desejo de uma coisa e a sua probabilidade"
Schopenhauer
"Resta-nos, quem sabe, a árvore de alguma colina, que podemos rever cada dia; resta-nos a rua de ontem e o apego quotidiano de algum hábito que se afeiçoou a nós e permaneceu."
Rainer Maria Rilke
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