domingo, 27 de fevereiro de 2022

Defeat


Amit and Naroop





Defeat, my Defeat, my solitude and my aloofness;
You are dearer to me than a thousand triumphs,
And sweeter to my heart than all world-glory.
 
Defeat, my Defeat, my self-knowledge and my defiance,
Through you I know that I am yet young and swift of foot
And not to be trapped by withering laurels.
And in you I have found aloneness
And the joy of being shunned and scorned.
 
Defeat, my Defeat, my shining sword and shield,
In your eyes I have read
That to be enthroned is to be enslaved,
And to be understood is to be leveled down,
And to be grasped is but to reach one’s fullness
And like a ripe fruit to fall and be consumed.
 
Defeat, my Defeat, my bold companion,
You shall hear my songs and my cries and my silences,
And none but you shall speak to me of the beating of wings,
And urging of seas,
And of mountains that burn in the night,
And you alone shall climb my steep and rocky soul.
 
Defeat, my Defeat, my deathless courage,
You and I shall laugh together with the storm,
And together we shall dig graves for all that die in us,
And we shall stand in the sun with a will,
And we shall be dangerous.



KAHLIL GIBRAN



A Luz ao fundo do túnel...

 






A perda da consciência de si é dramática porque se perde o contacto com a pessoa que se conhecia.
Não há nada de místico.
A própria imaginação é descodificada por impulsos elétricos que saem de diferentes regiões do cérebro.
Se o cérebro não for estimulado pelo exterior - como no caso de alguém em silêncio, às escuras, em água tépida para não sentir o peso - , ao fim de alguns segundos começa a delirar, porque o cérebro está sempre a trabalhar e começa a inventar.
É pura biologia!

Como quando as pessoas que estão a morrer dizem que veem uma luz ao fundo do túnel.
O que acontece é que o cérebro, sem oxigénio, começa a fechar os sistemas que não são necessários, e quando fecha o sistema de captação de radiação eletromagnética, que é a luz, as células com maior densidade que estão na mancha amarela da retina, ficam sensíveis a um espaço muito pequenino do total e, aparece uma luz ao fundo de um túnel, porque a densidade é menor na parte periférica.



Francisco Lacerda
Cientista



    

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2022

As Guerras Mentem




 

Nenhuma guerra tem a honestidade de confessar: eu mato para roubar.
As guerras sempre invocam motivos nobres, matam em nome da paz, em nome de Deus, em nome da civilização, em nome do progresso, em nome da democracia e se por via das dúvidas, se não bastassem tantas mentiras, há os grandes meios de comunicação de massa dispostos a inventar inimigos imaginários para justificar a conversão do mundo em um grande hospício e um enorme matadouro. 
Em Rei Lear, Shakespeare havia escrito que neste mundo os loucos guiam os cegos e quatro séculos depois, os donos do mundo são loucos apaixonados pela morte, que fizeram do mundo um lugar onde a cada minuto morrem de fome ou de doença curável dez crianças e são gastos três milhões de dólares por minuto na indústria militar, que é fábrica de morte.
Armas requerem guerras e guerras requerem armas e os cinco países que administram as Nações Unidas, aqueles que têm direito de veto nas Nações Unidas, são os cinco principais produtores de armas. 
Alguém se pergunta quanto tempo? Por quanto tempo a paz mundial estará nas mãos daqueles que se ocupam da guerra? 
Por quanto tempo continuaremos acreditando que nascemos para o extermínio mútuo e que o extermínio mútuo é nosso destino? 
Até quando?


Eduardo Galeano




A NATO, North Atlantic Treaty Organization, formada em 1947 com 12 Estados Membros, tem hoje 30 países membros e está em expansão na Europa Oriental e Balcãs, incluindo ex-membros do Pacto de Varsóvia. A Rússia continua a opor-se a uma maior expansão da organização junto das suas fronteiras, e exigiu recentemente que a NATO não fizesse mais admissões de Estados Membros novos, exigência essa que foi recusada pelos EUA e pelos países europeus. A Rússia vê essa expansão da NATO como uma continuação de uma Guerra Fria e uma tentativa de cercar e isolar a Rússia.

O Estado-Membro mais recente é o Montenegro e a NATO reconhece a Bósnia e Herzegovina, a Geórgia, a Macedónia e a Ucrânia como membros aspirantes.

A Rússia, como protesto, apoia inimigos dos Estados Unidos e da NATO, como a Síria, Irão e a Coreia do Norte.

Atualmente, a NATO atua com uma ação expansionista, com principal objectivo os interesses políticos e comerciais dos seus países membros.

Esses interesses envolvem, por exemplo, o acesso a recursos naturais e a importantes mercados consumidores. Dessa forma, nos últimos anos, a NATO tem organizado intervenções militares armadas em diversos países, tendo atuado na Bósnia e Herzegovina em 1992; no Kosovo em 1998; invasão do Afeganistão em 2001; na Guerra do Iraque, em 2003 e na Guerra Civil da Líbia, em 2011.


Os 5 Estados Membros Permanentes da United Nations Security Council com Poder de Veto são:
China, França, Rússia, Reino Unido, e os EUA.
OS 5 PRINCIPAIS FABRICANTES DE ARMAS.
O poder de veto do Conselho de Segurança das Nações Unidas refere-se ao poder de veto exercido exclusivamente pelos cinco membros permanentes, permitindo-lhes evitar a adoção de qualquer projeto "adicional" pela Resolução do Conselho, independentemente do apoio internacional para o projeto. Quase metade dos vetos na história do Conselho de Segurança foram lançados pela União Soviética, usando o seu primeiro veto em 1946, a Rússia é a nação que mais usou o veto.


Após 4 meses de negociações entre a Rússia, os EUA e a Europa, Putin decide invadir hoje, dia 24 de Fevereiro, militarmente a Ucrânia, como forma de “proteger a população de Donbass”. No local, ficam duas repúblicas separatistas pró-Rússia (Donetsk e Luhansk), que foram reconhecidas como independentes pelo chefe do Kremlin nesta semana, numa cerimónia de assinatura exibida pela televisão estatal.

Desde 2014, com a anexação da Crimeia pela Rússia, que as relações entre a Rússia e a Ucrânia se têm vindo a agravar, e a Rússia tem vindo a apoiar os movimentos separatistas na Ucrânia como forma de a enfraquecer, visto que a região de Donbass é uma das maiores produtoras de carvão.

Os anos passaram e a situação parecia controlada, até que os debates envolvendo a entrada da Ucrânia na NATO voltaram a ganhar força após a eleição de Zelenski, atual presidente ucraniano, também bastante próximo dos Estados Unidos e da Europa.

Com a economia fragilizada pela pandemia e a política em crise, o enfraquecimento do Reino Unido, acompanhada de um avanço sistemático da NATO sobre a Ucrânia, Putin viu incentivos internos e externos para tentar aumentar a popularidade de seu governo retomando uma área que ele entende que sempre foi bastante próxima da Rússia.
Putin disse, na última segunda-feira (21), que enviaria tropas “em missão de paz” para garantir a segurança das áreas separatistas. Na mídia local, os russos receberam a informação de que havia um “genocídio” contra a população russa nessas áreas realizado por tropas ucranianas.
  
A Rússia tem mais condições de suportar as medidas anunciadas, do que o Ocidente de ficar sem recursos.

A Europa é fortemente dependente do gás natural e do petróleo produzidos pela Rússia. 
Nesse sentido, a União Europeia deverá avaliar o risco que corre de ficar sem fornecimento – especialmente de gás natural, muito utilizado no aquecimento das casas. 


Religião. Política. Resquícios da Guerra Fria...e Gás Natural
Estas são as verdadeiras razões das tensões entre a Rússia e a Ucrânia.

A Gazprom é uma empresa estatal russa que produz petróleo e gás natural. 
Ela fornece 30% de todo o gás consumido na Europa. 
Aproximadamente 39 milhões de lares europeus dependem do gás russo para  alimentar os seus aquecedores – e não congelar durante o inverno. Acontece que a maior parte desse combustível tem de passar por gasodutos na Ucrânia. A Rússia é dona do gás, mas os ucranianos têm muito poder sobre ele. Quando a Rússia e a Ucrânia se desentendem, os gasodutos são fechados – e a Europa fica sem gás. E isso tem acontecido com certa frequência. 
A Europa construiu reservatórios de gás, investiu em energia renovável e criou os gasodutos Nord Stream e South Stream, que passam pelo Mar Báltico e pelo Mar Negro. Mas ainda não são suficientes. 

Em 2008, os EUA descobriram no seu território enormes reservas de gás de xisto. 
Os americanos passaram a ter a maior reserva mundial de gás, colocando a Rússia em segundo lugar. 
E isso mudou o jogo. Agora, os EUA querem exportar gás para a Europa. 
Mas, para fazer isso, eles têm de minar a Rússia. 
Como? Controlando o corredor que fornece gás à Europa. No caso, a Ucrânia. 

Desde 2008, Washington já investiu mais de US$ 5 bilhões na Ucrânia. 
Oficialmente, o objetivo é promover o livre mercado e manter o país “seguro, próspero e democrático”. Mas também é uma tentativa de exercer poder político. 
Se os EUA controlarem a Ucrânia, os russos estarão perdidos – pois os americanos farão de tudo para atrapalhar os gasodutos. 

Uma possível “Guerra do Gás” não tira o sono dos russos, visto que o continente europeu só trocará o gás natural pelo de xisto daqui a 50 anos, no mínimo,  porque para ser transportado, o gás de xisto – abundante em solo americano – precisa ser liquefeito, enviado de navio, e convertido em estado gasoso novamente para o consumo. Isso tudo exige uma infraestrutura que ainda não existe. 
E, mesmo quando existir, tornará o gás americano bem mais caro que o da Gazprom. 

A Rússia tem esta carta na manga porque a Europa, e especialmente a Alemanha, não tem substituto para o gás natural russo. Vira uma chantagem do ponto de vista económico, o acesso a recursos naturais é considerado estratégico, conforme diz a Organização Mundial do Comércio (OMC). 
Logo, se o fornecimento de gás natural for interrompido, isso não afetaria apenas a economia europeia, mas seria considerado uma questão de estratégia regional.

O Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU), de que a Rússia faz parte e tem direito de Veto, não deve conseguir aprovar nenhuma resolução que condene a atitude russa.

As próximas sanções devem seguir mais na linha de afetar dirigentes de empresas russas e depois algo em torno de restrições de exportação e de importação, especialmente de commodities, o que pode afetar bastante a economia da Rússia.
Com as relações entre a Rússia e o Ocidente postas em causa, os russos devem aproveitar o momento para intensificar a estratégia de se aproximar mais dos chineses.
A China é uma potência militar, do ponto de vista prático. Pode ser bem interessante para a Rússia.
  
Não é à toa, que a China tem evitado tomar lados e não fez qualquer tipo de movimentação mais intensa diante do conflito. Eles têm a questão da província de Taiwan, que também tem um caráter separatista. Será difícil a China posicionar-se neste caso... 
  
Esta Guerra vem, mais uma vez, mostrar a irrelevância da União Europeia. 
Subjugou-se com a imposição do sistema de unanimidade para as decisões estratégicas, e auto limitou-se, reduzindo-se a uma união que nem sequer é económica, mas apenas monetária. 
Dos princípios humanistas, solidários, que estiveram na sua origem, já pouco existe.

À Ucrania foi-lhe acenado com a entrada na União Europeia e na NATO. 
Foi apoiada para se opor ao despotismo russo. 
Agora é deixada só perante um gigante bélico e determinado.



Teu Deus é judeu, 
a tua música é negra, 
o teu carro é japonês, 
a tua pizza é italiana, 
o teu gás é argelino, 
o teu café é brasileiro, 
a tua democracia é grega, 
os teus números são árabes, 
as tuas letras são latinas.⁣
Eu sou teu vizinho. 
E ainda me chamas estrangeiro?⁣
Eduardo Galeano
in, "O Caçador de Histórias"⁣





Good and Evil XXII










And one of the elders of the city said, "Speak to us of Good and Evil."

And he answered:

Of the good in you I can speak, but not of the evil.

For what is evil but good tortured by its own hunger and thirst?

Verily when good is hungry it seeks food even in dark caves, and when it thirsts, it 
drinks even of dead waters.

You are good when you are one with yourself.

Yet when you are not one with yourself you are not evil.

For a divided house is not a den of thieves; it is only a divided house.

And a ship without rudder may wander aimlessly among perilous isles yet 
sink not to the bottom.

You are good when you strive to give of yourself.

Yet you are not evil when you seek gain for yourself.

For when you strive for gain you are but a root that clings to the earth and sucks at her breast.

Surely the fruit cannot say to the root, 
"Be like me, ripe and full and ever giving of your abundance."

For to the fruit giving is a need, as receiving is a need to the root.

You are good when you are fully awake in your speech,

Yet you are not evil when you sleep while your tongue staggers without purpose.

And even stumbling speech may strengthen a weak tongue.

You are good when you walk to your goal firmly and with bold steps.

Yet you are not evil when you go thither limping.

Even those who limp go not backward.

But you who are strong and swift, see that you do not limp before the lame, 
deeming it kindness.

You are good in countless ways, and you are not evil when you are not good,

You are only loitering and sluggard.

Pity that the stags cannot teach swiftness to the turtles.

In your longing for your giant self lies your goodness: and that longing is in all of you.

But in some of you that longing is a torrent rushing with might to the sea, 
carrying the secrets of the hillsides and the songs of the forest.

And in others it is a flat stream that loses itself in angles and bends and lingers 
before it reaches the shore.

But let not him who longs much say to him who longs little, 
"Wherefore are you slow and halting?"

For the truly good ask not the naked, 
"Where is your garment?" nor the houseless, 
"What has befallen your house?"



Khalil Gibran



Sou um estrangeiro neste mundo







Sou um estrangeiro neste mundo.

            Sou um estrangeiro, e há na vida do estrangeiro uma solidão pesada e um isolamento doloroso. Sou assim levado a pensar sempre numa pátria encantada que não conheço, e a sonhar com os sortilégios de uma terra longínqua que nunca visitei.

            Sou um estrangeiro para minha alma. Quando minha língua fala, meu ouvido estranha-lhe a voz. Quando meu Eu interior ri ou chora, ou se entusiasma, ou treme, meu outro Eu estranha o que ouve e vê, e minha alma interroga minha alma. Mas permaneço desconhecido e oculto, velado pelo nevoeiro, envolto no silêncio.

            Sou um estrangeiro para o meu corpo. Todas as vezes que me olho num espelho, vejo no meu rosto algo que minha alma não sente, e percebo nos meus olhos algo que minhas profundezas não reconhecem.

            Quando caminho nas ruas da cidade, os meninos me seguem gritando: “Eis o cego, demos-lhe um cajado que o ajude.” Fujo deles. Mas encontro outro grupo de moças que me seguram pelas abas da roupa, dizendo: “É surdo como a pedra. Enchamos seus ouvidos com canções de amor e desejo.” Deixo-as correndo. Depois, encontro um grupo de homens que me cercam, dizendo: “É mudo como um túmulo, vamos endireitar-lhe a língua.” Fujo deles com medo. E encontro um grupo de anciãos que apontam para mim com dedos trêmulos, dizendo: “É um louco que perdeu a razão ao freqüentar as fadas e os feiticeiros.”

            Sou um estrangeiro neste mundo.

            Sou um estrangeiro e já percorri o mundo do Oriente ao Ocidente sem encontrar minha terra natal, nem quem me conheça ou se lembre de mim.

            Acordo pela manhã, e acho-me prisioneiro num antro escuro, frequentado por cobras e insetos. Se sair à luz, a sombra de meu corpo me segue, e as sombras de minha alma me precedem, levando-me aonde não sei, oferecendo-me coisas de que não preciso, procurando algo que não entendo. E quando chega a noite, volto para a casa e deito-me numa cama feita de plumas de avestruz e de espinhos dos campos.

            Ideias estranhas atormentam minha mente, e inclinações diversas, perturbadoras, alegres, dolorosas, agradáveis. À meia-noite, assaltam-me fantasmas de tempos idos. E almas de nações esquecidas me fitam. Interrogo-as, recebendo por toda resposta um sorriso. Quando procuro segura-las, fogem de mim e desvanecem-se como fumaça.

            Sou um estrangeiro neste mundo.

            Sou um estrangeiro e não há no mundo quem conheça uma única palavra do idioma de minha alma...

            Caminho na selva inabitada e vejo os rios correrem e subirem do fundo dos vales ao cume das montanhas. E vejo as árvores desnudas se cobrirem de folhas num só minuto. Depois, suas ramas caem no chão e se transformam em cobras pintalgadas.

            E as aves do céu voam, pousam, cantam, gorgeiam e depois param, abrem as asas e viram mulheres nuas, de cabelos soltos e pescoços esticados. E olham para mim com paixão e sorriem com sensualidade. E estendem suas mãos brancas e perfumadas. Mas, de repente, estremecem e somem como nuvens, deixando o eco de risos irônicos.

            Sou um estrangeiro neste mundo.

            Sou um poeta que põe em prosa o que a vida põe em versos, e em versos o que a vida põe em prosa. Por isto, permanecerei um estrangeiro até que a morte me rapte e me leve para minha pátria.


Khalil Gibran
in, “Temporais”






terça-feira, 22 de fevereiro de 2022

Jalaluddin Rumi Balkhi











I

 Sometimes I forget completely
what companionship is.
Unconscious and insane, I spill sad
energy everywhere. My story
gets told in various ways: a romance,
a dirty joke, a war, a vacancy.

Divide up my forgetfulness to any number,
it will go around.
These dark suggestions that I follow,
are they a part of some plan?
Friends, be careful. Don’t come near me
out of curiosity, or sympathy.



II

Consider the difference
in our actions and God’s actions.

We often ask, “Why did you do that?”
or “Why did I act like that?”

We do act, and yet everything we do
is God’s creative action.

We look back and analyze the events
of our lives, but there is another way
of seeing, a backward-and-forward-at-once
vision, that is not rationally understandable.

Only God can understand it.
Satan made the excuse, you caused me to fall,
whereas Adam said to God, We did this
to ourselves. After this repentance,
God asked Adam, Since all is within
my foreknowledge, why didn’t you
defend yourself with that reason?

Adam answered, I was afraid,
and I wanted to be reverent.

Whoever acts with respect will get respect.
Whoever brings sweetness will be served almond cake.
Good women are drawn to be with good men.

Honor your friend.
Or treat him rudely,
and see what happen!

Love, tell an incident now
that will clarify this mystery
of how we act freely, and are yet
compelled. One hand shakes with palsy.
Another shakes because you slapped it away.

Both tremblings come from God,
but you feel guilty for the one,
and what about the other?

These are intellectual questions.
The spirit approaches the matter
differently. Omar once had a friend, a scientist,
Bu’l-Hakam, who was flawless at solving
empirical problems, but he could not follow Omar
into the area of illumination and wonder.

Now I return to the text, “And He is with you,
wherever you are,” but when have I ever left it!

Ignorance is God’s prison.
Knowing is God’s palace.

We sleep in God’s unconsciousness.
We wake in God’s open hand.

We weep God’s rain.
We laugh God’s lightning.

Fighting and peacefulness
both take place within God.

Who are we then
in this complicated world-tangle,
that is really just the single, straight
line down at the beginning of ALLAH?

Nothing.
We are
emptiness.



III

How does a part of the word leave the world?
How can wetness leave water?

Don’t try to put out a fire
by throwing on more fire!
Don’t wash a wound with blood!

No matter how fast you run,
your shadow more than keeps up.
Sometimes, it’s in front.

Only full, overhead sun
diminishes your shadow.

But that shadow has been serving you!
What hurts you, bless you.
Darkness is your candle.
Your boundaries are your quest.

I can explain this, but it would break
the glass cover on your heart,
and there’s no fixing that.

You must have shadow and light source both.
Listen, and lay your head under the tree of awe.

When from that tree, feathers and wings sprout
on you, be quieter than a dove.
Don’t open your mouth for even a cooooooo.

When a frog slips into the water, the snake
cannot get it. Then the frog climbs back out
and croaks, and the snake moves toward him again.

Even if the frog learned to hiss, still the snake
would hear through the hiss the information
he needed, the frog voice underneath.

But if the frog could be completely silent,
then the snake would go back to sleeping,
and the frog could reach the barley.

The soul lives there in the silent breath.

And the grain of barley is such that,
when you put it in the ground,
it grows.

Are these enough words,

Or shall I squeeze more juice from this?
Who am I, my friend?



IV

Who makes these changes?
I shoot an arrow right.
It lands left.
I ride after a deer and find myself
chased by a hog.
I plot to get what I want
and end up in prison.
I dig pits to trap others
and fall in.

I should be suspicious
of what I want.



Jalaluddin Rumi Balkhi 








Por um Mundo Escutador







Não existe alternativa: a globalização começou com o primeiro homem. 
O primeiro homem (se é que alguma vez existiu «um primeiro» homem) era já a humanidade inteira. Essa humanidade produziu infinitas respostas adaptativas. 

O que podemos fazer, nos dias de hoje, é responder à globalização desumanizante com uma outra globalização, feita à nossa maneira e com os nossos propósitos. Não tanto para contrapor. Mas para criar um mundo plural em que todos possam mundializar e ser mundializados. Sem hegemonia, sem dominação. Um mundo que escuta as vozes diversas, em que todos são, em simultâneo, centro e periferia.

Só há um caminho. Que não é o da imposição. Mas o da sedução. 
Os outros necessitam conhecer-nos. Porque até aqui «eles» conhecem uma miragem. O nosso retrato - o retrato feito pelos «outros» - foi produzido pela sedimentação de estereótipos. 
Pior do que a ignorância é essa presunção de saber. 
O que se globalizou foi, antes de mais, essa ignorância disfarçada de arrogância. 
Não é o rosto mas a máscara que se veicula como retrato.

A questão é, portanto, a de um outro conhecimento. 
Se os outros nos conhecerem, se escutarem a nossa voz e, sobretudo, se encontrarem nessa descoberta um motivo de prazer, só então estaremos criando esse território de diversidade e de particularidade.

O problema parece ser o de que nós próprios — os do Terceiro Mundo — nos conhecemos mal.
Mais grave ainda: muitos de nós nos olhamos com os olhos dos outros. 

Um velho ditado africano avisa: 
não necessitamos de espelho para olhar o que trazemos no pulso. 

A visão que temos da nossa História e das nossas dinâmicas não foi por nós construída. Não é nossa. Pedimos emprestado aos outros a lógica que levou à nossa própria exclusão e à mistificação do nosso mundo periférico. Temos que aprender a pensar e sentir de acordo com uma racionalidade que seja nossa e que exprima a nossa individualidade.

Fomos empurrados para definir aquilo que se chamam «identidades». 
Deram-nos para isso um espelho viciado. 
Só parece reflectir a «nossa» imagem porque o nosso olhar foi educado a identificarmo-nos de uma certa maneira. 

O espelho deforma o que trazemos amarrado no pulso. 
Pior que isso: amarra-nos o pulso. E aprisiona o olhar. 
Onde deveríamos ver dinâmicas vislumbramos essências, onde deveríamos descobrir processos apenas notamos imobilidade.


Mia Couto 
in, Pensatempos


sábado, 19 de fevereiro de 2022

A Nation's Strength









 What makes a nation's pillars high
And its foundations strong?
What makes it mighty to defy
The foes that round it throng?

It is not gold. Its kingdoms grand
Go down in battle shock;
Its shafts are laid on sinking sand,
Not on abiding rock.

Is it the sword? Ask the red dust
Of empires passed away;
The blood has turned their stones to rust,
Their glory to decay.

And is it pride? Ah, that bright crown
Has seemed to nations sweet;
But God has struck its luster down
In ashes at his feet.

Not gold but only men can make
A people great and strong;
Men who for truth and honor's sake
Stand fast and suffer long.

Brave men who work while others sleep,
Who dare while others fly...
They build a nation's pillars deep
And lift them to the sky.



William Ralph Emerson
in, Our Little Kings and Queens at Home and at School 




.........................................outras formas de escravatura










Mas, para outras formas de escravatura, 
os nossos olhos encontram-se inteiramente fechados; 
a nossa desculpa é que são formas mais subtis, 
mais continuadas e por assim dizer 
mais naturais de escravatura. 




Por exemplo, a das crianças, obrigadas a viver num mundo inteiramente construído para adultos e por eles inteiramente dirigido, o que explica que toda a fantasia, a liberdade de criação, a capacidade de atenção e a íntima delicadeza das crianças quase que inteiramente venham a desaparecer no adulto; 

Por exemplo, a das mulheres adstritas a um trabalho doméstico que infinitamente e monotonamente recomeça, como se a sua única missão na vida fosse a de ter comida e alojamento prontos para um exército de trabalhadores; 

Por exemplo, e ainda é talvez a mais grave, a escravatura a uma especialização exigida, por critérios de utilidade social, de homens, de seres humanos, criados para a infinita liberdade da totalidade das tarefas, para serem, dentro de seus limites de espaço e de tempo, a fiel imagem, e a adoradora imagem, da força, da possibilidade, da apetência infinita que os gerou."


Agostinho da Silva
in, "Textos e Ensaios Filosóficos II"





quarta-feira, 16 de fevereiro de 2022

Afterword







Reading what I have just written, I now believe 
I stopped precipitously, so that my story seems to have been 
slightly distorted, ending, as it did, not abruptly 
but in a kind of artificial mist of the sort 
sprayed onto stages to allow for difficult set changes. 

Why did I stop? Did some instinct 
discern a shape, the artist in me 
intervening to stop traffic, as it were? 

A shape. Or fate, as the poets say, 
intuited in those few long ago hours -

I must have thought so once. 
And yet I dislike the term 
which seems to me a crutch, a phase, 
the adolescence of the mind, perhaps -

Still, it was a term I used myself, 
frequently to explain my failures. 
Fate, destiny, whose designs and warnings 
now seem to me simply 
local symmetries, metonymic 
baubles within immense confusion -

Chaos was what I saw. 
My brush froze - I could not paint it. 

Darkness, silence: that was the feeling. 

What did we call it then? 
A "crisis of vision" corresponding, I believed, 
to the tree that confronted my parents, 

but whereas they were forced 
forward into the obstacle, 
I retreated or fled -

Mist covered the stage (my life). 
Characters came and went, costumes were changed, 
my brush hand moved side to side 
far from the canvas, 
side to side, like a windshield wiper. 

Surely this was the desert, the dark night. 
(In reality, a crowded street in London, 
the tourists waving their colored maps.) 

One speaks a word: I. 
Out of this stream 
the great forms -

I took a deep breath. And it came to me 
the person who drew that breath 
was not the person in my story, his childish hand 
confidently wielding the crayon -

Had I been that person? A child but also 
an explorer to whom the path is suddenly clear, for whom 
the vegetation parts -

And beyond, no longer screened from view, that exalted 
solitude Kant perhaps experienced 
on his way to the bridges -
(We share a birthday.) 

Outside, the festive streets 
were strung, in late January, with exhausted Christmas lights. 
A woman leaned against her lover’s shoulder 
singing Jacques Brel in her thin soprano -

Bravo! the door is shut. 
Now nothing escapes, nothing enters -

I hadn’t moved. I felt the desert 
stretching ahead, stretching (it now seems) 
on all sides, shifting as I speak, 

so that I was constantly 
face to face with blankness, that 
stepchild of the sublime, 

which, it turns out, 
has been both my subject and my medium. 

What would my twin have said, had my thoughts 
reached him? 

Perhaps he would have said 
in my case there was no obstacle (for the sake of argument) 
after which I would have been 
referred to religion, the cemetery where 
questions of faith are answered. 

The mist had cleared. The empty canvases 
were turned inward against the wall. 

The little cat is dead (so the song went). 

Shall I be raised from death, the spirit asks. 
And the sun says yes. 
And the desert answers 
your voice is sand scattered in wind.


Louise Glück




A Alegria do Ser





Para descobrir se a sua vida é controlada 
pelo tempo psicológico, 
pode usar um critério simples. 
Pergunte: 
há alegria, 
bem-estar e leveza 
naquilo que estou a fazer? 



Se não houver, é porque o tempo está a encobrir o momento presente e a vida é vista como um fardo ou uma luta.
Se não houver alegria, bem-estar ou leveza naquilo que está a fazer, isso não significa necessariamente que tenha de mudar aquilo que está a fazer. Mudar o modo como o faz poderá ser suficiente. 

O "como" é sempre mais importante do que o "o que". 

Tente prestar mais atenção ao fazer do que ao resultado que quer alcançar. 
Preste toda a sua atenção àquilo que se lhe apresentar no momento.
Isso também implica que você aceite inteiramente o que é, porque não poderá dar toda a sua atenção a alguma coisa e resistir-lhe ao mesmo tempo.

Assim que você honrar o momento presente, toda a infelicidade e todo o conflito desaparecerão, e a vida começara a fluir alegre e facilmente.
Ao agir com consciência do momento presente, tudo o que você fizer ficará imbuído de uma sensação de qualidade, de cuidado e de amor — até mesmo o acto mais simples.

Portanto não se preocupe com o fruto da sua acção – preste simplesmente atenção à acção em si.
O fruto virá de sua livre vontade.
Isto é um exercício espiritual extraordinário. 

No Bhagavad Gita, um dos mais antigos e mais belos ensinamentos espirituais que existem, o desapego ao fruto da sua acção chama-se Karma Yoga. 
É descrito como o caminho da "acção consagrada".

Quando cessa o esforço compulsivo para se afastar do Agora, a alegria de Ser flui em tudo o que você fizer. No momento em que a sua atenção se voltar para o Agora, você sente uma presença, uma quietude, uma paz. Deixa de depender do futuro para a realização e satisfação pessoais — não espera dele a salvação. Portanto, não se apega aos resultados.
Nem o insucesso nem o sucesso têm o poder de alterar o seu estado interior de Ser.
Você descobre a vida subjacente à sua situação de vida.

Na ausência do tempo psicológico, a sua sensação de identidade deriva do Ser e não do seu próprio passado. Portanto, deixa de existir a necessidade psicológica de ser uma coisa diferente do que você já é. 

No mundo, ao nível da sua situação de vida, você pode na verdade vir a ser rico e famoso, a ter sucesso, a estar livre disto ou daquilo, mas na dimensão mais profunda do Ser você está completo e inteiro agora.
Nesse estado de plenitude, continuaríamos a ser capazes de (ou a estar dispostos a) perseguir metas externas?
Claro, mas não terá expectativas ilusórias de que alguma coisa ou alguém no futuro o salvará ou fará feliz. 

No que diz respeito à sua situação de vida, poderá haver coisas a alcançar ou a adquirir. 
É o mundo das formas, dos ganhos e das perdas.
No entanto, a um nível mais profundo, você já é completo e, quando compreender isso, haverá uma energia descontraída e alegre por trás de tudo o que fizer.

Estando livre do tempo psicológico, você deixará de perseguir as suas metas com uma determinação sinistra, levado pelo medo, pela cólera, pelo descontentamento ou pela necessidade de vir a ser alguém.
Nem ficará paralisado pelo medo de insucesso, que para o ego é perda de identidade.

Quando a sua sensação de identidade mais profunda deriva do Ser, quando está livre do "vir a ser" como uma necessidade psicológica, nem a sua felicidade nem a sua sensação de identidade dependem de um resultado e, portanto, há ausência de medo.

Você deixa de procurar a permanência onde ela não pode ser encontrada: no mundo das formas, dos ganhos e das perdas, do nascimento e da morte.
Deixa de exigir que situações, condições, lugares ou pessoas o façam feliz para depois sofrer quando não correspondem às suas expectativas.

Tudo é honrado, mas nada importa. 
As formas nascem e morrem, no entanto você conhece o eterno que há por trás das formas. 
Sabe que "nada que seja real poderá ser ameaçado."
Quando é este o seu estado de Ser, como pode você deixar de ter sucesso?
Já alcançou o sucesso.



in, O Poder do Agora
Eckhart Tolle




segunda-feira, 14 de fevereiro de 2022

Poesia


Gus Fine Art





 Como para Sísifo,
a vida para mim é esta rocha.
Carrego-a e conduzo-a até ao alto.
Quando cai volto a apanhá-la
e, tomando-a entre os braços,
levanto-a outra vez.
É uma forma de esperança.
Penso que teria sido mais triste
se não tivesse podido arrastar uma pedra
sem outro motivo que não fosse o amor.
Levá-la por amor até ao alto.


Joan Margarit
in, "Misteriosamente feliz"




Amor Exigente





De que vale no mundo ser-se inteligente, ser-se artista, ser-se alguém, quando a felicidade é tão simples!
Ela existe mais nos seres claros, simples, compreensíveis e por isso a tua noiva de dantes, vale talvez bem mais que a tua noiva de agora, apesar dos versos e de tudo o mais.
Ela não seria exigente, eu sou-o muitíssimo.
Preciso de toda a vida, de toda a alma, de todos os pensamentos do homem que me tiver.
Preciso que ele viva mais da minha vida que da vida dele.
Preciso que ele me compreenda, que me adivinhe.
A não ser assim, sou criatura para esquecer com a maior das friezas, das crueldades.
Eu tenho já feito sofrer tanto!
Tenho sido tão má!
Tenho feito mal sem me importar porque quando não gosto, sou como as estátuas que são de mármore e não sentem.

Florbela Espanca
in, "Correspondência"
1920



sexta-feira, 11 de fevereiro de 2022

DISCURSO DO MÉTODO






 Em criança, eu já procurava as janelas
para fugir com o olhar.
Desde então, quando entro nalgum sítio,
Fixo onde é a porta e onde deixei o casaco.
Liberdade, para mim, quer dizer fuga.
O mundo está cheio de portas,
como o sexo, afinal, em caso de emergência.
Mas todas se vão fechando, e depressa,
para fugir, ficarão somente aquelas
janelas da infância.
De par em par abertas para saltar.


in, “Misteriosamente Feliz”
Joan Margarit




The Physics of Spirituality | Nassim Haramein with Vishen Lakhiani

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2022

The Real You - Alan Watts

Weep not for me








Weep not for me though I have gone
Into that gentle night
Grieve if you will, but not for long
Upon my soul’s sweet flight

I am at peace, my soul’s at rest
There is no need for tears
For with your love I was so blessed
For all those many years

There is no pain, I suffer not
The fear is now all gone
Put now these things out of your thoughts
In your memory, I live on

Remember not my fight for breath
Remember not the strife
Please do not dwell upon my death
But celebrate my life



Constance Jenkins




segunda-feira, 7 de fevereiro de 2022

WHAT IS THE DIFFERENCE BETWEEN SOUL AND EGO?

 






“I have a question for you,” I said to my life coach, Rob, the other day.

“Let’s hear it…”

“How do I know whether it’s my soul guiding me,” I asked, “or my ego pushing me?”

“That,” he replied, “is an excellent question!”

“Good,” I said, “because I’m having a heck of a time trying to manage all the tasks that need to get done in a day. I’m really good at prioritizing and getting the most important work done first. But when I start to get tired, I’m not sure whether the little voice pushing me to do more is my soul gently encouraging me to reach my highest potential…or my bullheaded ego trying to turn me into a productivity machine.”

After a good laugh, here was the gist of Rob’s answer:

“The ego loves to use the word ‘should.’ If you hear yourself using the term ‘should’ and/or ‘not enough,’ chances are good that’s your ego trying to run the show. Whereas if you feel excited and enthusiastic about getting started on a project or tackling a task, that is likely soul-driven versus ego-driven.”

“If you feel a positive push to move forward and can’t wait to get started,” Rob continued, “you are likely following the guidance of your soul versus your ego. In contrast, if you feel a sense of dread at the mere thought of doing a task and have to literally force yourself to do it—or repeatedly avoid doing it all—you best pay attention to that.”

The ego, he went on to explain, is all about controlling versus allowing. The ego is pushy, forceful, tends to be negative and is rooted in fear and lack. Whereas the soul communicates in soft whispers and gentle nudges. The soul speaks through positive and encouraging self-talk and is all about abundance. There is enough for all; we are enough…all of us, just as we are.






Now, when it comes to tackling my daily task list, I do still oscillate between enjoying the journey/process (soul) and just wanting to get the darn thing DONE (ego), so perhaps pushing myself harder than necessary.

And the sheer size of my task list, never mind the complexity of said tasks, suggests that, more often than not, my ego is still running the show much of the time
But what I am paying attention to, far more now, is how I feel when tackling the tasks.

I do the very best I can, each and every day, to reach the goals I have set for myself. But when I am tired, I stop. And I don’t beat myself up for stopping. Rather, I put my feet up (or go for a walk or watch a movie) and pat myself on the back, knowing that my best effort was good enough. 
Tomorrow is a new day.

How about you? 
Is it your soul—or ego—in the driver’s seat? 
Or do they take turns at the wheel?



Maryanne Pope









Our soul and our ego are both part of who we are, 
and we can look at them as polar opposite aspects of ourselves 
that coexist and come to the forefront when we need them, 
depending on the situation that we’re in.


When we think of ego vs soul it’s easy to see one as good (the soul) and one as bad (the ego) but that isn’t really the case.

The ego is just as necessary as the soul is when we need it, and it’s what sets us apart as humans because as far as we know, no other animal has an ego in the way that we do.



WHAT IS THE EGO?


“Ego” is the latin word for “I”, and I think this definition can give you a pretty good idea of what the ego means on its own.

The ego is who we are in our minds - it’s composed of conscious thoughts and beliefs, labels and our sense of identity. 

The ego is helpful when it comes to making some decisions because it’s good at weighing up consequences and outcomes and seeing things objectively.

It is also a motivating force that can help us thrive in today’s society - it often gets the job done, for whatever reason that may be.
It is also what determines our own perspective of the external world, though this can often be flawed because it is so easily affected by our own emotions and past experiences, rather than the true reality.

And unlike the soul, it is mostly self-serving, thinking of your own wants and needs, as opposed to the collective. 

But as I said before, I think the ego gets a bad rep, and there are times when this self-serving force is necessary and dare I say it, a good thing.

Interestingly, some yogic cultures actually define the ego in three parts (much like Freud’s definitions of the ego, superego and id).


These are the three aspects of our ego:

The Tamasic ego: self-destructive, blind
The Rejasic ego: self-centred
The Sattvic ego: creative and protective


So if this is true, our aim should not be to get rid of the ego entirely, but to move towards the Sattvic ego over the other types, and to use it to our advantage when it serves us for good.




WHAT IS THE SOUL?


In contrast, the soul is pretty much the polar opposite of everything the ego represents.

The soul self doesn’t rely on logical decision making, but instead allows itself to be guided by intuition or signs from the Universe.

This is the part of ourselves that exists when the ego self has taken a step back, which is often described as a “flow state” where external constructs like time no longer exist.

The soul might be regarded as your “true nature”, since this is the essence of who you are, without the influence of labels, expectations or judgments - it just is.






SOUL OVER EGO

When they’re in balance, the soul and the ego are able to perfectly coexist - it’s only when one takes dominance over the other in a situation that it is not suited to that becomes problematic.
And contrary to what some spiritual teachers will tell you, the aim isn’t to squash the ego completely, because the soul self can equally take over and be unhelpful in some situations.

Think about being in a life or death situation - the ego is the force that is going to help you with problem solving to get out of that situation safely, ultimately leading to your survival. 

In the same situation the soul would be pretty useless at this level of problem solving, and it wouldn’t come with the same sense of urgency to save your life.

It would however be useful in keeping you calm and preventing your emotions from taking over completely, which would otherwise likely result in you being paralysed by fear and being able to take no action at all.

The aim is therefore to find balance between the two, and to recognise when one has taken over when it’s unnecessary and potentially problematic.

Admittedly, due to the way our societies have become, with a focus on material possessions and instant feedback loops in the form of social media apps, it is much more likely for the ego to take centre stage in unwanted situations than vice versa. 


So how do we learn to take a step back and choose soul over ego in these situations?

Spotting when the ego is in charge is the most important step in choosing your soul over it.

If you don’t know when the ego has taken hold, how can you know to let go of it?


It can be really difficult to spot when our ego has come to the forefront, since it is a powerful driving force in all of us, and many of us live our lives entirely through our egos without ever questioning it.

But once we learn to spot the ego in charge, we can intentionally choose to push it to the side and choose our soul instead, when we don’t think that the ego is serving us.

And the good news is that it only takes once for you to say no to your ego, and then it will get easier and easier going forward to do the same!








HOW TO SPOT WHEN YOUR EGO IS IN CHARGE (AND ISN’T SERVING YOU)


You often feel consumed by your emotions, particularly ones of anger, hurt or disappointment

You have a more extrinsic sense of worth, meaning that you get your validation from outside sources like material possessions or other people’s opinions of you

You “overthink” things, and struggle to make decisions due to heavily analysing the potential outcomes

You are highly critical of yourself and others, and make objective judgements

You see things in black and white, gravitate towards labels and feel the need to compartmentalise things into boxes

You’re easily hurt/angered/disappointed when things don’t go your way or you don’t get the outcome you expected

You take other people’s actions and projections personally, even when they’re not




HOW TO SPOT WHEN YOUR SOUL IS IN CHARGE (AND IS SERVING YOU)

You don’t take other people’s actions or decisions to heart, knowing that they are not a reflection of you and are projections of their own internal state

You are more readily able to practice forgiveness and let go of the past, preferring not to dwell on things that are no longer in your control

You have a desire to better yourself, but your self worth does not depend on achieving goals

Your sense of self worth is constant and isn’t affected by the opinions of others or the acquisition of material possessions

You feel less attached to outcomes and are able to “go with the flow” or “trust your gut”

You don’t feel a need to fit into a particular box or label, and instead listen to what you are called to, even when that changes

You lose yourself and a sense of time when doing things you enjoy, like creating and exercising

You feel called to go after your own interests and desires, even when they go against the grain of what is “normal” or “expected of you”

Life feels more effortless, like the Universe is gently guiding you forward






EGO VS SOUL RELATIONSHIPS

In my opinion, relationships are one of the most affected areas of our life and the most likely to suffer from an imbalance of soul and ego.

Having experienced many ego-based relationships, I know how detrimental they can be for your own growth and wellbeing.

Recognising when the ego has taken over in your relationships in unhealthy ways, whether from yourself or the other party (or both), is essential in shifting towards a more healthy relationship or making the decision to walk away.







When it comes to ego vs soul, the soul is often the desired state in many situations.

But don’t take this as the ego being the enemy - there are many situations in which the ego is a beneficial state to be in - it’s about recognising when it’s unneeded and when to push it aside in favour of the soul.

Switch your focus towards shifting towards a more Sattvic ego, and calling in your soul self when you feel you may be getting too ego dominant.

It’s a process, so don’t beat yourself up when you slip into your ego self often (that itself would be the result of the ego!)


Enjoy the journey and understand that it’s all about finding balance.






EGO VS SOUL QUOTES


These are some powerful ego vs soul quotes that can help you further understand the difference between the (sometimes unhelpful) ego, and the soul.



"Ego finds what it wants in words, the soul finds what it needs in silence." - Unknown

"The dream is the small hidden door in the deepest and most intimate sanctum of the soul." - Carl Jung

"A bad day for your ego is a great day for your soul." - Jillian Michaels

"When the ego dies, the soul awakes." - Mahatma Gandhi

"Keep your ego on a short leash and live from your soul." - Unknown

"Freedom means the power to act by soul guidance, not by the compulsions of desires and habits. Obeying the ego leads to bondage; obeying the soul brings liberation." - Paramahamsa Yogananda

"The ego wants quantity, but the soul wants quality." - Himmy Parker

"These are planes of consciousness, and I think human beings live on two planes of consciousness, the soul and the ego." - Ram Dass

"The finish line is for the ego, the journey is for the soul." - Unknown

"Ego says once everything falls into place, I will find peace. Soul says once I find peace, everything will fall into place." - Unknown



in, Through the Phases