quinta-feira, 30 de maio de 2024

Closer Together: Knowing Ourselves, Loving Each Other

 








Sophie Grégoire Trudeau invites readers on a deeply personal journey toward self-knowledge, acceptance, and empowerment, drawing on the expertise of top psychologists, psychiatrists, scientists, and thought leaders.

As a passionate advocate for mental health, Sophie Grégoire Trudeau believes that in order to know and accept ourselves fully, we need to understand why we think and feel the way we do, and recognize the experiences, attitudes, and patterns that may be holding us back. And yet, all of us are capable of growth and positive change, if we're willing to stay open and curious throughout our lives.

In Closer Together, Sophie shares moments from her own from her childhood, through her struggles with an eating disorder in her teens and early adulthood; from a career as a speaker and television host to de facto "first lady" and mother of three. Above all, Sophie is a warm and empathetic connector, and her book is enriched by exclusive interviews with experts such as Gabor Maté, Liz Plank, Terrence Real, Catherine Price, Harville Hendrix, and Helen LaKelly Hunt—to name just a few—as she delves into the science behind brain health and our unique emotional signatures. She explores the questions that matter the most for our individual and collective growth, and in how we interact with

How does the way we were raised contribute to our sense of self?How can we better prepare ourselves to deal with big emotions?What do we need from our relationships, and what can we contribute to them?What role do physical activity and creative pursuits play in mental health?How can we let go of what doesn’t serve us and nurture what does?
Drawing on her own mindfulness and yoga practices, Sophie also offers journalling prompts and other tools that will guide readers as they explore these questions in their own lives. In creating a space for openness, playfulness, and creativity, Sophie inspires us to see that there are more things that bring us together than separate us, allowing us to stand in the light of our true potential.


in, Goodreads



domingo, 26 de maio de 2024

O testemunho do marinheiro


Jessica TC Lee






Para falar a verdade, 
pareceu-me outro gesto de presunção,
muito dele,
aquela urgência com que nos pediu
que o amarrássemos ao mastro
para escapar do canto das sereias.

As sereias estavam cantando, isso é verdade,
mas não exatamente para seduzi-lo.

E por que não a qualquer um de nós?
Por que elas deveriam tentar seduzir alguém?
Quem pode garantir que não estavam simplesmente cantando?
Ou que guardavam silêncio e cada um ouvia
seu próprio canto de sereia interior?

Era ele quem lutava contra sua vocação de perdedor.
Era ele quem acreditava que as sereias o amavam.
Era ele quem, sob qualquer pretexto,
nos colocava sob suas ordens.
Era ele quem não sabia mais o que inventar
para atrasar nosso retorno a Ítaca.

Eu queria regressar à minha pátria, abraçar minha esposa,
cuidar dos meus pais, já idosos,
ver meus filhos crescerem.

Ele determinou e nós o amarramos.
Se dependesse de mim, o teríamos abandonado em alto mar,
seguido para Ítaca e ali ele teria ficado,
atado ao mastro, sozinho, novamente à deriva.

E teria morrido assim, atado à sua insensatez,
enquanto as sereias continuavam, continuarão,
cantando para ninguém, como sempre.



Juan Vicente Piqueras


domingo, 19 de maio de 2024

O Mito das Sereias





A fim de se proteger do canto das sereias, Ulisses tapou os ouvidos com cera e mandou que o acorrentassem firmemente ao mastro principal do barco. Sem dúvida, desde sempre, quaisquer outros marinheiros, teriam podido fazer o mesmo, mas mesmo assim pouco ou nada lhes adiantava fazê-lo. O canto das sereias era avassalador e a paixão dos seduzidos teria arrebentado as correntes e mesmo o próprio mastro. Ulisses, porém, não pensava nisso, pois confiava plenamente na cera e correntes, pelo que na inocente alegria, com os meios de que dispunha, partiu ao encontro das sereias.
Mas as sereias possuem uma arma ainda mais terrível que o canto, o silêncio. Desconheço se isso aconteceu alguma vez com algum navegante, mas admito que haja quem se tenha salvo do seu canto, mas não do seu silêncio. O sentimento de tê-las vencido com as próprias forças, a avassaladora arrogância daí resultante, nada neste mundo é capaz de conter.
Estes poderosos e insinuantes seres, não cantaram quando Ulisses chegou, ou porque acreditavam que só o silêncio poderia com esse opositor, ou porque a visão da felicidade e segurança expressas no rosto daquele, os tenha feito esquecer o canto.
Ulisses, contudo, e por assim dizer, não ouviu o seu silêncio, acreditou que estivessem a cantar e que apenas ele se encontrasse a salvo de as ouvir. Com um olhar rápido, viu as curvas dos seus pescoços, o respirar fundo, os olhos cheios de lágrimas ou as bocas entreabertas. Mas como não era melómano, acreditou que tudo aquilo fizesse parte das árias que soavam inaudíveis a sua volta. Em breve, tudo perpassou pelo seu olhar, perdido na distância. As sereias desapareceram, e, quando supunha estar mais próximo delas, já nem mais sabia de sua existência. Mas elas, mais belas que nunca, mexiam-se, esticavam-se, deixavam os cabelos esvoaçar ao vento, soltando as garras na rocha. Abdicaram de o seduzir, mas queriam apanhar pelo máximo de tempo possível, o reflexo dos grandes olhos de Ulisses.
Se as sereias tivessem consciência, teriam sido aniquiladas então. Mas permaneceram e Ulisses, escapou-lhes.
Desta história, há a destacar um breve epílogo.
Segundo reza a lenda, Ulisses era astuto, tão astuto como uma raposa, e que nem a deusa do destino, conseguiu penetrar no seu íntimo.
Embora isto não seja muito compreensível para cada um de nós, talvez ele tenha, de facto, percebido que as sereias estavam mudas, e oferecido a elas e aos deuses aquela simulação, como um mero escudo.

Franz Kafka
in, A Metaformose





O canto da sereia, em específico, carrega uma simbologia rica, podendo ser interpretado de modos diversos, com enfoques variados. O alerta para as tentações, o horror ao desconhecido, o receio da perdição pela incontinência dos desejos, são alguns dos temas mais instigantes deste mito.

As sereias, na mitologia, não são humanizadas: elas são monstros, e sua relação com a humanidade é a da predação. Sereias caçam seres humanos.

Além disso, não há menções à sua beleza — pelo contrário: a única coisa bela a respeito das sereias, no mito grego, é seu canto. Após atrair os marinheiros com sua voz irresistível, elas, é claro, matam suas presas. Não é de todo claro se o objetivo das sereias é alimentar-se do corpo dos navegantes, embora esta seja a explicação mais provável.

O mundo grego era obcecado por muitos tipos de feiura e maldade. 
É um mundo dominado pelo mal, no qual as criaturas, mesmo as belíssimas, realizam ações "feiamente" atrozes. Neste universo, vagam seres assustadores, odiosos por serem híbridos que violam as leis das formas naturais.

— Umberto Eco  

A maior diferença, porém, entre a imagem moderna da sereia e sua concepção original é a cauda de peixe. Originalmente, as sereias eram metade mulher, metade ave de rapina, à semelhança das harpias.
Foi apenas na Idade Média que as sereias passaram a ser representadas como mulheres-peixe, devido à junção de dois mitos distintos: o das sirenes e o das mermaids.

Como se pode deduzir, a palavra sereia provém do mesmo vocábulo que produziu o termo sirene (como em siren, em inglês, que pode significar "sereia" ou "sirene"). Mas outra entidade mitológica popularizou-se no período medieval: as donzelas do mar — seamaids (sea + maids), ou mermaids (mer + maids), junção de sea/mer (mar) e maid (moça).

A beleza feminina da sereia também é proveniente da tradição medieval, provavelmente de origem teutônica. Esta tentação visual é bastante conveniente, visto que, tanto nas iluminuras medievais quanto nas pinturas clássicas, sua capacidade de seduzir os marinheiros pode ser enfatizada pela tentação carnal.

Simbolicamente, esta sereia atraente aos olhos pode representar o temor masculino de arruinar-se devido à provocação sexual e à incapacidade de autocontrole. Não à toa, as sereias têm como presa os marinheiros, homens. E a configuração da mulher-peixe, fortuitamente, permite que a parte inferior de seu corpo fique submersa, o que reflete a cegueira momentânea do homem apaixonado/seduzido, devido a seu foco na tentação hipnótica.

Mas como esta associação não existia ainda na mitologia grega, já que as sereias da Antiguidade tinham uma aparência grotesca, sua simbologia é um tanto diferente. A tentação, neste caso, não era a sexual, mas a da beleza de forma geral. O temor parece mais relacionado à perda do autocontrole, ao enlouquecimento.

Assim é narrada uma das mais antigas aparições das sereias na literatura: a deusa Circe, em Odisseia, instrui o herói Odisseu (Ulisses) sobre como passar pelo habitat das sereias sem ser destruído pela tentação.

Este episódio da Odisseia indica-nos que o ninho das sereias, na tradição grega, não era no mar, mas em um prado — o que é esperado, já que estas criaturas são mulheres com corpo de ave. O que chama mais atenção, porém, é o uso da engenhosidade para satisfazer a curiosidade do herói.

Paulo Nunes 






Os povos do Mediterrâneo viam geralmente a alma sob a forma de um pássaro, o que faz que as Sereias e a Esfinge sejam “músicas", como todas as suas irmãs que cantam e "encantam" perigosamente. 

No canto XII, 184sqq. da Odisseia, Ulisses consegue escapar à sedução das Sereias, cuja voz irresistível "encantava" suas vítimas para devorá-las. Como sentiam o "desejo", mas não podiam realizá-lo, por serem peixes, frias, portanto, da cintura para baixo, bebiam o sangue dos que atraíam com seu canto.

Os artistas dos últimos séculos têm confundido as Tritónidas com as Sereias. 
Mitologicamente, a diferença é enorme: as Sereias são mulheres de corpo de ave, as Tritónidas mulheres de corpo de peixe.

Antes de Ulisses, conta-se que o navio Argos, na expedição em busca do Velo de Ouro, passou pela ilha das Sereias, que ficava no Mar Mediterrâneo. 
Orfeu, no entanto, tocou, com sua lira, uma melodia muito mais bela do que a música das criaturas e, por conseguinte, os Argonautas não foram atraídos para as rochas, com exceção de um deles, chamado Butes, que devido a sua beleza foi salvo depois das profundezas do mar por Afrodite.
Ao praticar uma arte mais bela, Orfeu simboliza uma forma de resistência à mediocridade.

Ulisses, ou Odisseu, era curioso, queria ouvir o canto das Sereias. 
Depois de voltar do Hades, foi alertado por Circe que elas seriam a primeira prova pela qual teria que passar para voltar à Ítaca, antes de enfrentar Cila e Caribde:

Encantam todos os que porventura passam por elas.
Quem inadvertidamente se entregar ao canto
delas nunca mais retornará ao lar, nunca mais cairá
nos braços da mulher, não verá os pequerruchos
nunca mais. Elas enfeitiçam os que passam,
acomodadas num prado. Em torno, montes de
cadáveres em decomposição, peles presas a ossos.
Evita as rochas. Tampa com cera os ouvidos
dos teus companheiros para não caírem na
armadilha sonora. Se, entretanto, quiseres o
o mel do concerto delas, ordena que te amarrem
de pés e mãos ereto no mastro. Que o nó seja
duplo. Entrega-te, então, ao prazer de ouvi-las.

 — Odisseia, XII, 25-45


Ulisses tentava se livrar das cordas, mas seus companheiros, devidamente impedidos de ouvir o canto devido à cera nos ouvidos, foram firmes em não soltá-lo e apertavam mais ainda os nós. Bons amigos nos livram de músicas indesejadas, bons amigos nos alertam, nos livram do perigo. Não por acaso, a expressão “se deixar levar pelo canto da sereia” ganhou a conotação de se deixar ser arrastado para maus caminhos.

Machado de Assis já nos alertava sobre esse canto da sereia no seu “Conto de escola”:

O narrador é o menino Pilar, que assume estar longe de ser “um menino de virtudes”, pois cabula a aula e só vai ao colégio para não apanhar mais do pai. Depois de aceitar uma moeda de prata do colega Raimundo, para “uma troca de serviço”, que seria explicar “um ponto da lição de sintaxe” e ser descoberto devido a uma delação de outro colega, acaba apanhando, dessa vez do professor (lembrando que a história se passa no século XIX). No outro dia, Pilar mata a aula de novo, dessa vez seduzido por um batalhão de soldados marchando ao som de um tambor. Conclui a narrativa se explicando: “a pratinha era bonita e foram eles, Raimundo e Curvelo, que me deram o primeiro conhecimento, um da corrupção, outro da delação; mas o diabo do tambor...”

Pilar foi seduzido por dois cantos das sereias: o do dinheiro fácil em troca de favores, como nossos políticos, e a música, que para os estudantes de hoje é o “tamborzão” do “pseudo funk carioca”, que destroça os cérebros assim como as criaturas mitológicas faziam com os inocentes marinheiros.



Franz Kafka, no começo do século XX, reescreve o mito. 
À maneira kafkiana, obviamente. 
Para Modesto Carone, “os mitos são objeto da meditação artística, em geral irônica, do criador de O processo”. 
Em “O silêncio das sereias”, Ulisses não só é amarrado ao mastro do barco, como também enche seu ouvido de cera. 
“Mas eis que então as sereias mostram ter uma arma ainda mais terrível do que o canto: a de seu silêncio”, diz o narrador do conto (aqui na tradução de Marcelo Backes, em Blumfeld, um solteirão de mais idade e outras histórias, Editora Civilização Brasileira). “Embora não tenha acontecido, talvez possa ser imaginado que alguém se salvou de seu canto, mas de seu silêncio com certeza não.”
Ulisses não ouve, as sereias não cantam. 
A inversão do mito nos coloca contra a parede. 

A literatura de Kafka sempre nos faz isso. 
Às vezes o leitor, como o Ulisses do conto, tenta ignorar o canto da sereia da Literatura, quer passar longe da arte nessa odisseia que é a vida, deseja o mais confortável. Faz ouvidos moucos, como se dizia antigamente. 

Os artistas, então, desistem de praticar sua arte (“...assim que Ulisses chegou, as formidáveis cantoras não cantaram, fosse porque acreditassem que esse inimigo pudesse ser vencido apenas com o silêncio, fosse porque a visão da felicidade no rosto de Ulisses – que não pensava em nada a não ser em cera e correntes – fizera com que elas se esquecessem de todo o seu canto”), se entristecem por causa da indiferença pela sua obra (“Ulisses, porém, para expressá-lo de modo simples, não ouviu o silêncio das sereias, achou que elas estivessem cantando e que ele apenas estava protegido de ouvi-las. 

Fugidiamente, viu primeiro os movimentos de seu pescoço, a respiração profunda, os olhos cheios de lágrimas, a boca semiaberta, mas achou que isso fazia parte das árias que se perdiam em torno dele sem ser ouvidas”) e tentam outras formas para atrair o público, apelando para a dança, por exemplo (“Elas, no entanto – mais belas do que nunca –, se esticaram e se contorceram, deixaram os cabelos terríveis balançar soltos ao vento e cravaram as unhas livremente no rochedo. Não queriam mais seduzir, mas apenas capturar o reflexo dos grandes olhos de Ulisses por tanto tempo quanto lhes fosse possível”). 

Ou então pode-se dizer que Ulisses é o crítico literário senhor da razão (“À sensação de tê-las vencido com suas próprias forças e à arrogância que tudo leva de arrasto resultante disso, nada há na terra que possa resistir”) e, apesar dele, o artista continua criando (“Se as sereias tivessem consciência, teriam sido aniquiladas, na época. Sendo como foi, no entanto, elas continuaram ali, apenas Ulisses lhes escapou.”) à procura de outro crítico que o reconheça.

Outros contos de Kafka tratam da dolorosa relação do artista com seu público, como “O artista da fome” e “Josefine, a cantora, ou O povo dos camundongos”. 



Cassionei Niches Petry 






Moon of the Sociable Fathers




Daddy belongs to
an exclusive club,
out beyond
the rules of atmospheric
pressure.

On our precocious little fingers
we count,
on tracer paper
Mommy checks our figures.
Being she was never clever
with math,
she consults with the slide rule.

No crystal ball needed,
we all know where Daddy's been:
at the apogee of his ride,
hanging out in zero orbit,
checking
on his own figures.

He must be
lonely up there, fishing off the dock of a satellite,
until the moment he reels one in.

He does his best philandering
once we've shuffled off to school
and Mommy's found her solace
underneath
the hairdryer.

She's stopped looking up
at night
to observe the starry heavens.
They only made her cry,
which, in turn, made us cry— for her.

One time we heard Mommy tell Daddy
she knew all about his long division
and how he misused
his slipstick.

With the cruel turn of a smile
he reminded her
her math is routinely
wrong.

"Usually...but not always,"
Mommy whispers in her sleep.

Tomorrow is lift off again
for Daddy,
hunting exponentials
from
heavenly bodies.

For us,
the ones left behind in the wake
of his rocket trail,
it's
addition by subtraction.


Carlo C Gomez




I’m Not a Cheater — I’m a ‘Cake Eater’

 



Talking to the adulterers 
who are happily married 
and seeking out 
other partners on the side.


Polyamory wasn’t on the table for Alyssa, a 30-year-old Canadian woman who had been in a serious relationship for eight years before she started hooking up with an old friend. Neither was breaking up with her boyfriend, who had lost interest in sex. 
“One evening while he was away, we were talking on the phone and had a fight,” says Alyssa, who, like everyone else in this story, requested a pseudonym. “After I hung up on him, I contacted a friend who lived nearby to talk and cheer me up since he lived within walking distance from my apartment. I did not expect to at the time, but that evening I hooked up with said friend, and it was a bit of a Pandora’s box from there on.” 

The hookups continued, but so did her relationship with her boyfriend.

“After not getting much for a while, it was like getting a fresh cold bottle of water after walking through the desert,” she says.

Alyssa is one of many who see themselves as having their cake and eating it, too: people who maintain “monogamous” relationships with a committed partner while secretly having affairs on the side. 
This is, of course, a dynamic as old as time — cheating is nothing new — but like so many other sexual identities, a community has more recently emerged around it. 

Cake eaters, as they call themselves, are defined as “a person who is married, generally happy and satisfied, has regular sex with their SO, is not planning on divorcing or separating or looking for an exit affair, and is additionally having sex with other partners,” according to the r/Cakeeater sub-Reddit. That is, these are not people in any way looking to leave their primary partner or pursue some sort of open relationship. Instead, they want to cheat — and ideally get away with it.

Their reasons for wanting to stay vary. 
For Alyssa, breaking up would mean needing to live alone in a high-cost-of-living city, something she can’t afford to do. And besides, sex with her partner has picked back up again, and their relationship has improved. But even so, the side hookups, which occur anywhere from twice a week to once a month depending on their schedules, haven’t stopped. 

“There is very much an addictive quality to the whole thing,” she says.

The population of those who identify as cake eaters is small but growing. 
The sub-Reddit currently has just over 8,000 members, four times as many as it did this time two years ago. A similar but broader sub-Reddit, r/adultery, has over 167,000 members. Everyone involved in these groups would surely be pursuing the same practices were there not an online space to give them a name and place to convene, but the pervading element of encouragement here doesn’t hurt.

As John tells me with a smiling-purple-devil emoji, r/Cakeeater has taught him “good habits” like using a burner phone, never charging things to a credit card, and maintaining a routine in order to keep up appearances. John has been married to his wife for 25 years and has three children. He and his wife have sex once or twice per week, but it’s not enough. 

“I need enthusiasm,” he says. So a few times a month, he meets a woman on a dating app. While the methods have evolved, he has been seeing other women the entirety of his marriage.

He says he feels some guilt about the dynamic. 

“But the thing is I only have control over me. I can try to date, romance, flirt with the wife, and I do … but the ‘brake pedals of sexuality,’” he says, referencing Emily Nagoski’s book Come As You Are, “always seem to screw things up.” His wife has lots of sensitive “brake pedals” that slow down her desire for sex, while he, on the other hand, has an abundance of accelerators.

A number of recent stories have featured polyamorous people who emphasize their belief that non-monogamy can offer a salve to these familiar woes when practiced “ethically.” This idea has been met with a sense of fatigue: Nobody really cares how many people you sleep with; they’d just prefer not to hear about it. As someone recently joked on Twitter, 

“A relationship where we both think being poly is cringe so if someone asks us if we are poly we say ‘no we cheat.’”

But much of that fatigue seems tied to the preoccupation with labels, too, something that the term cake eater certainly does not avoid. On r/adultery, one user recently asked fellow members to create a taxonomy of “sub-types” of affairs they’ve pursued, such as relationships in which they see the person they’re cheating with as their boyfriend/girlfriend or friend with benefits. That all of these messy interpersonal entanglements can be so clearly delineated provides some sense of justification — or, at the very least, ease.

Using cake eater versus, say, cheater is due in part to its less overt stigmatization, some people tell me, though they didn’t seem too hung up on the specifics. 

“I think some people think cake eaters are a lower form of adulterer,” says John. “But I don’t really see the distinction … either you’re a cheater or you’re not!”

“I saw it on Reddit and found it to be a more palatable way of saying ‘I’m a cheater’ in a public forum,” Rob, a Floridian in his late 30s who uses the term cake eater on dating apps, tells me. Rob has no desire to actually date the women he sleeps with. The fact that it’s wrong and secretive is part of what he enjoys. 

“I get off on the thrill of the illicit act,” he says.

He’d be hurt if his wife cheated on him, especially if there was an emotional component to the affair. For his indiscretions, he reports that no feelings are involved. He does, however, wish his wife were more interested in his kinks or perhaps wanted to pursue a male-male-female threesome. Neither of these will happen, so he gets his rocks off elsewhere. 
“Nothing justifies my behavior,” he says. “I know it’s fucked up.”

Whether polyamory or an open relationship is preferable to this lifestyle is a frequent source of discussion in these online groups. For Alyssa, John, and Rob, polyamory isn’t even desirable. 

“I don’t think I have it in me to care about the emotional needs of other men and date other people,” says Alyssa. “I also don’t think I’d like my partner getting that sort of attention from others.”

John, meanwhile, wishes he were happier with the sex in his marriage. 
 
“It sounds selfish, but I would like lots of passionate sex with my wife,” he says. “Since that’s not her thing, I stray.”

Of course, they could simply choose not to cheat, but for myriad reasons like John’s, this is often not presented as an option, either. 

What they’re all looking for is more: more sex, more passion, more kink, more fulfillment. 
And for the time being, at least, they’ve found some means of acquiring it. 
Maybe like John, they’ll manage to keep it up for decades. 
Alyssa is less optimistic. “I know I’ll have to stop at some point,” she says.




Magdalene J. Taylor




terça-feira, 14 de maio de 2024

Working With Doubt


tadamichi



I’ve been moved by the response to my recent posts on aligning your thoughts, feelings, and behaviors with your mission in life – particularly the idea that your practice can be your purpose. 

That quest for a higher purpose has led to a series of conversations among community members about something we all come up against in this work – doubt.

The first thing I want to say is: doubt isn’t a sign that you’re doing something wrong or failing in your practice. Remember: there’s no such thing as failure; it’s all information. Doubt comes up for all of us, including me. And so, we’re going to talk about when and why we encounter doubt – and how to work with it.


Your State of Consciousness: Your Level of Mind

The first thing we need to recognize and understand is the level of consciousness – or unconsciousness – that leads to doubt.

What do we mean when we talk about consciousness? 
You can break it down like this: 
 
Consciousness is awareness. 
Awareness is paying attention. 
And paying attention is noticing where you’re directing your energy.

Think of your state of consciousness as your level of mind. 
In other words, 
  1. How aware are you? 
  2. What are you paying attention to? 
  3. How are you reacting to your environment and circumstances? 
  4. Are you noticing where most of your energy goes? 
  5. Are your thoughts and feelings making things better – or worse?

What does this have to do with doubt? 
Let’s say you’re in the middle of a challenging situation and struggling to find a solution – but you’re still in the same level of mind that led to the challenge. Then, you probably do what most of us have become programmed to do in that circumstance. You focus even more intensely on the challenge, giving it your attention – and, therefore, your energy. 
And giving something your energy only ever does one thing: amplifies it.

As a consequence, the challenge has become more solidified in your world as a problem. 
As you feel the emotions associated with the current circumstance, you give the problem more and more energy. You become more frustrated; more anxious; more resentful. You fuel the emotional state that led to the thoughts ... that created the particular level of mind ... that brought you to this situation in the first place.

It’s so important to remember, in these moments, that you can’t solve a problem from the same level of mind – or consciousness – that created it. And the only way to change your consciousness is to change your energy.

What do I mean by that? 
To change your consciousness is to become aware that there is a new possible reality or solution. So, if you don’t change your consciousness, you’ll limit your awareness of that possibility and continue to fuel doubt by focusing on your problem – creating ever more distance between you and a solution.


The Level of Mind That Leads to Doubt

To better understand how your level of mind can intensify doubt, think of a challenging situation from your past – one where you struggled to find a solution. Maybe it was a serious health condition that was getting worse. Or a difficult financial circumstance. And let’s say it was a situation you wrestled with for a long time – or kept coming up against in familiar ways. You did everything you thought you knew could change it.

Now, see if you can identify some thoughts and feelings that led to the level of consciousness you associate with that experience. Maybe you had an old story in your head about lack – and it activated feelings about abundance being out of reach for you. Maybe you spent hours online reading about a troubling diagnosis and became convinced there was no hope of healing.

Looking back, you might be able to see that you kept giving energy to the problem by paying more and more attention to it in the same exact ways. Maybe now, you can recognize that you got stuck in that situation because every day, you approached the same problem with the same level of mind – meaning you couldn’t see a solution.

When we can’t imagine a solution ... when we’re unaware of, or can’t envision a new possibility ... then it doesn’t exist for us. And when possibility doesn’t exist for us, we can’t believe our situation will ever change.

And what is disbelief? It’s doubt. This isn’t working. This issue will never change. I’ll never figure this out. I’m not doing it right. It works for other people, but not for me. I’ll never ...

So, if you’re facing a problem, but you’re at the same level of mind that created it, you’re going to see and react to it in the same ways that led to it in the first place. You’re going to keep doing what you know – more of the same – even if you’ve already seen and experienced that it doesn’t work.

In other words, your consciousness is now equal to the problem itself. And now, the problem is controlling the way you feel and think. You become a victim of your environment and circumstances – instead of the creator of change in your life.

And the harder you try to solve the problem from within that state of mind, the more elusive the solution seems. And the more doubt takes hold. Even if intellectually, you understand there might be a solution, you still doubt it can happen – because you can’t feel it.


New Level of Mind; New Possibilities

If we use “consciousness” interchangeably with “level of mind,” “awareness,” or “energy,” then we could say the level of mind that leads to doubt arises from a certain level of energy. That’s why it makes sense that we can’t solve a problem from the same level of mind (or energy) that created it.

A simpler way to say it is: to solve a problem, we must first change our energy – or our emotional state – around it. Because it’s only in changing our energy that we change our level of mind ... and only by changing our level of mind that we can become conscious of new possibilities.

When we default back to our old ways of thinking and feeling; old ways of believing and behaving; we return to the level of mind that leads to doubt and disbelief. We limit ourselves from new ways of seeing our circumstances – and new ways of approaching (and solving) the challenges in our lives.

The key, then, is to learn how to change our level of mind by changing our energy – and then sustain that elevated state, even in the midst of persistently challenging circumstances.

I hope you’re wondering how to do that – because that’s what we’ll explore next.


Working With Doubt: 
Changing Your Energy

We left off talking about the key to working with doubt: and that’s learning how to change your level of mind – or consciousness – by changing your energy. What inevitably comes next is:

                    OK, but – how?

In Part I, we discussed the first step: becoming aware of your level of consciousness – that is, how you think and feel about whatever circumstance is creating the doubt – and noticing how it affects your perspective. Now, let’s talk about how you can work with doubt from that place of understanding.


Cultivating Awareness

As you did for Part I, think of a challenging situation in your life – only this time, think of one you’re currently facing. It could be a worsening health condition ... persistent financial troubles ... or perhaps a deepening relationship conflict.

Now, applying what you’ve learned about your level of consciousness, see if you can tune in and become aware of that now. Are you feeling the same feelings, thinking the same thoughts, or doing the same things you’ve always done to try to address the issue? 
In other words, are you trying to solve the problem from the same level of consciousness that led to it?

If it feels challenging to try to see yourself in this way, don’t worry – and don’t judge yourself. Our survival instincts are so hard-wired, it can be difficult to have any objectivity about ourselves when the feelings associated with them – such as fear, anxiety, worry, mistrust, frustration, defeat, or resentment – are activated.

And challenging yourself in this way, especially when it’s unpredictable or unfamiliar, might bring some of those feelings up – along with doubt. But don’t be discouraged. If you can catch your personal reactions while trying to determine your level of consciousness, you’re already raising your awareness. That’s because consciousness is awareness. That’s why the first step is to become conscious of your unconscious self.

Now, let’s work on developing that blossoming awareness to change your energy. The best way to do that is by first practicing during your meditations.


Elevating Emotions; Opening Your Heart

Before you begin, think about your intentions for your meditation. Because you’re working with doubt, and how to change your level of consciousness by changing your energy, here are some things to focus on:

1. Set the intention to move out of the addictive emotions of survival – which fuel doubt – and into the elevated emotions of creation (remember, your heart is your creative center): joy, wonder, curiosity, awe, gratitude, compassion, and care. I’ve found there’s no greater way to change your energy than feeling the emotions connected to pure love. That’s the consciousness – and the energy – of the heart; the fourth energy center.

2. To help you feel those elevated emotions, practice opening your heart during your meditation
For tips on how to do this, you can re-read my post about the Tuning In With Your Heart Meditation – which is a great one to work with for this exercise.

In doing just these two things during your meditation, you’ll get a sense of the energy and emotions related to what it feels like to be in a new reality – one where the situation you’re in is significantly different. And simply doing that will change your energy. Why? Think of emotions as “energy in motion” – meaning, when you change your emotions, you change your energy.

And, as I’ve said many times: When you change your energy, you change your life.

When you feel the emotions of your new future, you turn up the volume on trust – and turn down the volume on doubt. Suddenly, you begin to become conscious and aware of possibilities you’d never considered before.


Memorizing a Feeling; Installing a Mind

In essence, you’re using your meditation practice to train your body and mind to feel new emotions and to think differently – which will lead to new behaviors. Through this practice, you’re “memorizing the feeling” of living in a different world; one where a new experience – in this case, the resolution of a problem – has already happened.

You’re learning how to install and exercise a new mind; one capable of staying aware of new thoughts and possibilities – not only while in meditation, but also after you’ve opened your eyes and returned to daily life. That’s why you’re doing the meditation in the first place.

The purpose is to evolve from a place of limited belief to one of unlimited belief. And since a belief is just a thought you keep thinking over and over again, you must remind yourself to stop thinking the same old way and start thinking a new way – until you believe those new thoughts. That’s when you’ve installed a new mind – and, at the same time, uninstalled the old one.

The best part about this exercise is, you don’t have to know how the situation is going to change (that’s the known); you just have to change your energy and live in the possibility that it already has changed. That is, you live in the unknown – but without doubt.

Let’s go back to the situation you’re currently facing. 
If it’s financial stress, you might be stuck in survival emotions and thoughts based in fear, worry, and guilt – that this won’t ever change; that you’ll never have enough; that your family’s future and well-being will be negatively impacted. You might compare yourself to other people and feel unworthy to have abundance yourself – or shame about not measuring up.

So now, when you enter your “think box” before meditation, you’re aware of the level of consciousness (or unconsciousness) that fuels the problem. This will help you identify the feelings and thoughts you want to practice during your meditation. In other words, you’ve clarified the emotions you want to change in order to change your energy – because those are the exact emotions that keep you from seeing change and cause you to doubt. When you feel those familiar emotions, you can’t believe in a different future – and you’re more prone to believe in what you know from the past.

When you enter your “play box” in meditation, then, you practice feeling elevated emotions – because they cause you to believe in that new future. That’s why some people in this work – people who’ve changed their health or life circumstances in other significant ways – sometimes meditate two or three times a day. They do it to overcome their doubt and chronic disbelief – by changing their energy and emotional state. They do it so they can believe again and again.

So, in your meditation, you might practice feeling immense gratitude for having all your needs met. Or the tremendous lightheartedness and relief that comes with the freedom to do whatever you want – whenever you want. Or you tune in to the great joy of having so much abundance, you can give it away – and spread joy to others.

You practice feeling love for your life – every part of it, including the very challenges that brought you to this moment of awakening and possibility.


From Survival to Creation: A Triumph

What you’re learning to do, through these practices, is open and activate your creative center – the heart – and become aware, or conscious, of possibilities that already exist by installing a new mind in the brain as well as the body. In doing so, you change your energy – and, therefore, your consciousness.

You begin to develop a new way of thinking and feeling – which will enable you to face the challenges in your life by behaving in new and different ways. As you hone these skills, you’ll discover solutions that were always there – you just couldn’t see them from the same level of consciousness that created the problem in the first place.

If you can teach your body what it feels like to be in that new future, and keep reminding yourself how to approach the problem with a new consciousness, you’ve entered your meditation as one person (the same old person with the same old problem and the same old inability to solve it) and you’ve come out of it as a new person – with a new mind. You’ve opened your heart to a new possibility.

You’ve moved from survival to creation. And that, in itself, is a triumph.

Over time, you can evolve your practice and perspective so that, when doubt arises – as it will for anyone in the river of change – it won’t overwhelm you. Instead, it can become a catalyst in your life. It can help you recognize your level of mind, clarify your intentions, and recommit to the work. Working with doubt in this way, you can change your energy – and change your life.

 

Dr Joe Dispenza




sábado, 11 de maio de 2024

Gaslighting

 




Gaslighting é uma forma de abuso psicológico na qual informações são distorcidas, seletivamente omitidas para favorecer o abusador ou simplesmente inventadas com a intenção de fazer a vítima duvidar de sua própria memória, percepção e sanidade. Casos de gaslighting podem variar da simples negação por parte do agressor de que incidentes abusivos anteriores já ocorreram, até a realização de eventos bizarros pelo abusador com a intenção de desorientar a vítima.

Gaslighting, 
ou manipulação psicológica, 
é um tipo de violência 
psicológica e emocional que costumeiramente ocorre nos relacionamentos afetivos, 
mas pode acontecer 
em outras relações – familiar,
 profissional e de amizade.


Nos estudos a respeito do gaslighting, a psicologia esclarece que os maus tratos à vítima é uma forma de se beneficiar da situação. Ainda que o agressor seja confrontado por esse comportamento, ele vai negar ter más intenções.

Quem pratica essa forma de manipulação possui vários objetivos, mas, sobretudo, deseja obter poder sobre outra pessoa para a sua satisfação pessoal. A vítima, então, passa a considerar mais a opinião e a percepção do manipulador do que a sua própria. 
 
Mentiras, traições e manipulações. O gaslighting é uma forma de violência psicológica silenciosa que acontece por meio da distorção de fatos e omissão de situações em favor do abusador. 

O termo deve a sua origem à peça teatral Gas Light e às suas adaptações para o cinema, quando então a palavra se popularizou. O termo também tem sido utilizado na literatura clínica.

Gaslighting é, na verdade, “uma forma altamente calculista de manipulação – que envolve a desestabilização — de um indivíduo por outro durante um período prolongado de tempo”, disse Monica Vermani, psicóloga clínica do Canadá e autora de “A Deeper Wellness: Conquering Stress, Mood, Anxiety and Traumas”. 
 
“Mais comumente, o gaslighting — também conhecido como controle coercitivo — é realizado por alguém numa posição de confiança que está em contato próximo com o alvo”, acrescentou ela. “É um meio complexo e geralmente deliberado de controlar intencionalmente um indivíduo, que é realizado por um longo período de tempo”.
Como “o contato próximo é fundamental aqui”, acrescentou Vermani, a pessoa que faz gaslighting geralmente é um parceiro romântico, um amigo íntimo, membro da família ou um colega próximo.

Alguém que agride outra pessoa a desestabiliza e controla atacando as suas faculdades mentais para fazer a vítima pensar que a sua estabilidade emocional, credibilidade ou memória falha — fazendo com que a vítima desconfie de si mesma e confie mais na pessoa que a está agredindo.

O gaslighting também ajuda o perpetrador a evitar qualquer culpa ou responsabilidade por suas ações. “A pessoa joga mais com suas inseguranças e tenta atacar sua autoestima”, acrescentou.

Os gaslighters “são pessoas tipicamente emocionalmente abusivas — muitas vezes com baixa autoestima — que desejam controlar os outros em vez de se envolver em relacionamentos mutuamente respeitosos que exigem consideração, empatia, compaixão e bondade”, disse Vermani. “Eles buscam maneiras de minar e dominar alguém que temem perder, independentemente do dano causado ao alvo”.

Nem todo gaslighting é intencional, pois algumas pessoas crescem testemunhando esses padrões e subconscientemente os adotam como um mecanismo de enfrentamento ou método de resolução de conflitos, dizem os especialistas.

Mas, geralmente, os gaslighters costumam “mentir e enganar intencionalmente para confundir seu alvo”, disse Vermani, ou negar suas próprias mentiras ou a verdade de seu alvo, “mesmo diante de evidências em contrário”.

O grau em que uma pessoa manipula outra pessoa pode variar, mas o gaslighting é sempre um abuso emocional, intencional ou não, dizem os especialistas. E o gaslighting pode ter consequências insidiosas, especialmente depois de um longo período de tempo.

“Você começa a se perguntar se você é a razão pela qual essa pessoa está fazendo isso com você”, disse Vermani. “Essa dúvida pode ser bastante prejudicial em um nível intrínseco. Você dá desculpas para o comportamento da outra pessoa porque essa pessoa dá desculpas para seus comportamentos. Às vezes, você se esforça para protegê-los porque acredita que eles são mais inteligentes ou mais capazes do que você”.

Informações são omitidas, distorcidas ou criadas para sustentar o abuso psicológico. 

Dessa forma, a vítima duvida de si mesma e transfere a responsabilidade dos conflitos e problemas no relacionamento para si mesma. Ela pode chegar a duvidar da própria sanidade em casos extremos. Por exemplo, um cenário muito comum é quando um parceiro suspeita de uma traição e o outro jura não estar acontecendo nada, acusando-o de estar “vendo coisas” ou sendo dramático. 

O parceiro abusivo faz de tudo para desmerecer as suspeitas, acusando o outro de estar criando conflitos desnecessários. Logo, a pessoa esquece momentaneamente a desconfiança e passa a se culpar por ter causado uma situação desconfortável. 

Tanto homens quanto mulheres podem praticar gaslighting nas relações afetivas. 
No entanto, esse comportamento costuma ser mais predominante entre a população masculina. Essa realidade se deve ao machismo ainda intrínseco em nossa sociedade.

Ele começa sutilmente, com pequenas acusações e manipulações para abalar a autoconfiança. A vítima começa vagarosamente a acreditar mais no outro que em si mesma, questionando-se a todo instante. “Será que não estou sendo louca? Será que não estou exagerando?” são reflexões comuns.

À medida que o parceiro abusivo se sente confiante, as práticas aumentam e podem envolver ataques diretos. Ele pode atribuir às suspeitas e demandas emocionais da vítima a sua incapacidade de se satisfazer com a relação, insegurança, falta de autoestima, intelecto inferior, emoções descontroladas e assim por diante. 

A intenção de quem pratica gaslighting é justamente essa: maltratar e desrespeitar o próximo em prol do benefício próprio. Mesmo quando confrontado por exibir tal comportamento, o parceiro abusivo nega ter más intenções.

As manipulações recorrentes desestabilizam a vítima psicologicamente. Ela fica a mercê das opiniões do outro, sempre buscando saber o que ele pensa ou se aprova as suas escolhas. Amigos e familiares notam a redução expressiva em sua felicidade e tentam alertá-la, mas ela não consegue compreender que o outro é o problema. 

Essa forma de violência é muito poderosa em destruir o amor-próprio e a saúde mental das vítimas, tornando-as prisioneiras de relações abusivas. 

Como as manipulações são subtis, as pessoas têm dificuldade para identificar o gaslighting nos relacionamentos. A vítima eventualmente é acometida pelo esgotamento psicológico e a depressão, sendo incapaz de perceber a gravidade das atitudes do parceiro abusivo. 

O sentimento pelo parceiro também pode atrapalhar na hora do julgamento. A vítima pode se sentir tentada a criar desculpas para o comportamento questionável do parceiro por nutrir afeição por ele. Por isso, vale a pena levar em consideração as observações de amigos e pessoas próximas. As opiniões deles podem ajudar a perceber a realidade tóxica do relacionamento. 

A principal maneira de identificar o gaslighting é por meio da reflexão. 
 
A vítima deve analisar o comportamento do parceiro de maneira racional, questionando-se quais emoções são despertadas pelas posturas e palavras do parceiro, bem como pelos momentos compartilhados com ele. 
Elas são boas ou causam ansiedade? 
São confortáveis ou estressantes?

Em seguida, cabe refletir sobre as ocasiões em que o parceiro mentiu ou fez alegações falsas. Se o número for elevado, é provável que a vítima esteja sofrendo com essa forma de violência sem perceber.  

O veredicto costuma acontecer quando a pessoa tenta esclarecer as suas dúvidas através do diálogo. O parceiro abusivo busca mostrar à vítima que ela está errada, equivocada ou confusa, livrando-se, assim, da responsabilidade por seu comportamento questionável. Ele, ainda, diz como ela deve se sentir em relação aos ocorridos expostos durante a conversa. 

Para ajudar na reflexão, confira algumas frases tipicamente repetidas por quem pratica essa violência psicológica:

  • “Você está louco”;
  • “Você está imaginando coisas”;
  • “Não foi assim que aconteceu”;
  • “Deixe de ser dramático”;
  • “O seu problema é que… (críticas a personalidade do cônjuge)”;
  • “Não sei do que você está falando”;
  • “Você é muito inseguro”;
  • “Não está vendo que estou brincando?”;
  • “Você implica com tudo”;
  • “A culpa é sua”; 
  • “Você é sensível demais”;
  • “Você entende tudo errado”.

Qualquer pessoa 
pode utilizar o gaslighting para desestabilizar outra. 
Familiares, amigos, 
colegas de trabalho e chefes 
também podem ser manipuladores. 

Um supervisor pode tentar fazer um profissional com avaliações excelentes acreditar que não tem competência para não conceder uma promoção ou um aumento de salário. 

Um familiar pode inventar um cenário totalmente diferente para tentar escapar de ser magoado, insultado ou desrespeitado por alguém. 

É mais fácil identificar o manipulador nessas situações, pois não há um envolvimento emocional tão profundo quanto nos relacionamentos afetivos. A pessoa pode até ficar com dúvidas na hora, mas não acreditar totalmente nas mentiras do outro. 

Assim que as incertezas surgirem, a pessoa que mentiu deve ser questionada. Entretanto, evite fazê-lo com agressividade por mais que esteja com raiva. Essa postura pode fazer com que o mentiroso elabore mais desculpas esdrúxulas. Os questionamentos devem ser feitos num tom tranquilo, porém determinado. 

Caso a pessoa insista em mentir e não assumir o seu comportamento, a investigação pode ganhar um tom mais firme. Quem pratica gaslighting não consegue lidar com pessoas assertivas e seguras de si.

Confie em seu posicionamento e não permita que o mentiroso desconverse ou fantasie cenários não condizentes com a realidade. Se necessário, converse com outros indivíduos para ter provas do comportamento dele.


Os manipuladores emocionais usam diferentes táticas de gaslighting para desestruturar a vítima. Algumas são fáceis de identificar enquanto outras são subtis.

Quando a manipulação alcança um grau extremo e perceptível até para quem está vendo de fora, a vítima já está num estado muito fragilizado. Embora esteja sofrendo, ela não consegue terminar o relacionamento abusivo com o manipulador.

Além da fragilidade emocional, o que torna a percepção das formas de gaslighting complicada é o relacionamento mantido entre o manipulador e a vítima. Normalmente, eles se encontram numa relação amorosa, ou seja, há uma mistura de sentimentos bons e maus.

A vítima lembra-se de todos os momentos bons compartilhados com o manipulador e pergunta-se se não está a exagerar, afinal por que alguém que supostamente a ama lhe causaria tanto mal? 
Desse modo, ela cai num dilema complexo.

É por essa razão que muitas vítimas não escutam amigos e familiares. 
Por já terem sofrido muita violência psicológica e por nutrirem sentimentos pelo manipulador, elas relutam em aceitar a realidade. Não é que a pessoa goste de estar naquela posição desagradável, apenas não está emocionalmente pronta para compreender a situação.


12 formas comuns de gaslighting.

1. Mentira
Quem pratica gaslighting mente descaradamente para a vítima. As mentiras tentam levantar dúvidas na cabeça dela sobre o seu comportamento, a sua inteligência, as suas emoções e os seus demais relacionamentos, como amigos e familiares. Ela pode até desconfiar das palavras do manipulador, mas, como ele mente com tanta confiança, a sua percepção é colocada em dúvida.

2. Negação da realidade
O sinal de alerta clássico do gaslighting é a negação da realidade por parte do manipulador. Tudo o que a vítima diz é descartado como “loucura”, “mal-entendido”, “falta de intepretação” e outras desculpas para fazê-la duvidar do que realmente aconteceu.
Da mesma forma, quando ela questiona o porquê de ele ter dito determinadas palavras, o manipulador logo diz “eu não falei isso, você está viajando”.

3. Chantagem
O manipulador sabe usar o que a vítima ama contra ela. Ele reconhece a importância da família, dos amigos, dos filhos e do trabalho em sua vida. Assim, usa esses elementos contra ela para conseguir o que deseja.

4. Ameaça
Ameaças emocionais também são um sinal de gaslighting bastante comum. O manipulador diz “se você me deixar, eu vou tirar a minha vida/vou levar os seus filhos/você nunca mais vai achar alguém capaz de lhe aturar”. Aos poucos, essas palavras entram na cabeça da vítima e a deixam com medo. 

5. Aumento gradual de manipulações
As manipulações psicológicas e emocionais não costumam acontecer de uma vez só. Elas ocorrem gradualmente, começando com pequenos comentários e chantagens. Dessa forma, o manipulador não denuncia as suas verdadeiras intenções e consegue conquistar a vítima.
Quando vasculha as suas memórias, no entanto, consegue perceber que o manipulador se comportava de maneira muito diferente no começo da relação.

6. Incoerência
O manipulador não segue as próprias palavras. Ele possui diversas condutas incoerentes, as quais plantam dúvidas na mente da vítima. Por exemplo, ele afirma ser uma pessoa justa, mas demonstra ter comportamentos opostos aos seus supostos valores.   

7. Palavras amáveis
Para confundir a vítima, quem pratica gaslighting também sabe ser carinhoso. Ele ou ela age com amabilidade para conquistar a vítima sempre que ela se sente muito vulnerável. Dessa forma, ele consegue criar um ciclo de agressões psicológicas e interações amáveis, impedindo que a vítima termine o relacionamento. 

8. Exaustão mental
A frequência de manipulações é extenuante. A vítima começa a acreditar que está ficando louca. Será que está vendo mesmo a realidade? Será que está sendo enganada? Será que o parceiro teria coragem de tratá-la dessa forma?
Todos esses questionamentos levam a vítima à exaustão mental. Isso faz com que a sua capacidade de tomar decisões seja reduzida. Por essa razão, a vítima deve considerar os alertas dos familiares e amigos. Eles podem ajudá-la a sair dessa situação.

9. Acusações descabidas
O manipulador faz acusações descabidas contra a vítima. Ele a acusa de traição, de comportamentos inadequados, de querer magoá-lo, de ser uma pessoa má, entre outros.
Mesmo que as suas palavras não façam sentido, ele faz um drama para tentar convencer a vítima. Ela, por sua vez, fica tão preocupada em se defender que não percebe os sinais de alerta.

10. Constrangimento
Uma forma típica de manipulação psicológica é o constrangimento público e/ou privado da vítima. O manipulador faz comentários ácidos em tom de brincadeira ou tenta constrangê-la sem hesitação na frente de amigos e familiares.

11. Humilhação
A humilhação é outro sinal de alerta muito comum do gaslighting. Enquanto a vítima se desespera tentando entender o que está acontecendo, o manipulador debocha do seu estado emocional e a humilha sutilmente ou descaradamente. Ele faz isso tanto em público quanto em momentos íntimos para desmoralizá-la ainda mais.

12. Chantagem emocional
A chantagem emocional possui o mesmo objetivo da ameaça: perturbar a vítima. O manipulador afirma que a vítima está sempre querendo fazê-lo se sentir mal, que ela não se importa com ele de verdade, e que não sabe por que ainda continuam juntos. Ele joga toda a responsabilidade dos seus sentimentos nela. E a vitimização vem sempre junto.



HOTEL DO ALÉM








Aqui é tudo luxo.
Tudo é por milagre.

Aqui já ninguém mente, ninguém teme,
ninguém espera ontem nem desespera,
ninguém se esconde atrás do que diz.

Hotel de mil estrelas cujo maior encanto
é a cuidada ausência de perguntas.

Da varanda de cada quarto
vê-se a vida, o terno
e patétido afã dos que estão vivos.

Aqui reina a glória. Não temos
deveres. E não há outro
cativeiro senão o canto. Que ninguém ouve.

Aqui já ninguém chama nem espera.

Mas o que gostaríamos,
se não fosse pedir muito, era um dia
ficar na remota realidade
a beber algo juntos,
juntos, a beber algo.



Juan Vicente Piqueras
in, O Quarto Vazio 





“I miss you and I’m happy you're gone.”


 


“I miss my mother . . . but 
I’m also happy she’s gone. 
I’ve had a life that I would not have had if 
she was still here. 
How do I reconcile these feelings?"
 


Standing and shaking, surrounded by thousands of people, the woman who asked this during a recent Q&A stared at me waiting for an answer. I didn’t have a simple one. The collective “Mmmm” in the room—that ineffable sound of recognition, empathy, and kindred pain—was evidence of how many people related to her dilemma. I did, too.
 
IT'S TABOO TO ACKNOWLEDGE THAT SOME DEATHS ARE LIBERATING.
It doesn’t mean you wanted the person dead. I wanted to help her switch from an “all-or-nothing” mentality to a more nuanced place. “You loved her AND her absence made room for choices you would not have dared make if she was there.” I was talking about relational ambivalence: the experience of contradictory thoughts and feelings—of love and hate, attraction and disgust, excitement and fear—toward someone with whom you are in a relationship. 
It’s intrinsic to all relationships, including the very first: with your mother.
 
As I was answering her, I smiled in recognition, hearing my own mother’s voice: 
“Careful what you tell her, Esther. By the way, I don’t like your outfit and you look pale.” 
 
MY MOTHER AND I HAD A VOLATILE RELATIONSHIP FOR MANY YEARS.
She was brilliant in many ways, especially at verbally chopping people up. No one could ever insult my brain or body or clothes or home or choices more than my mother. I had to have double the confidence; once to resist her and once to motivate myself. I fought her off, but she crept under my skin. Over time, my skin got thicker, but it was a brutal process. 
 
For years, I thought I would not become a mother until I was certain I wouldn’t be like her, which of course led to her blaming me for delaying her becoming a grandmother. You can’t know which parts of your parents will show up in your own parenting style until you catch yourself in the act. Perhaps unsurprisingly, I did end up saying things to my kids that I had promised myself never to say. (I, too, comment on their outfits and paleness before asking, “How are you?”) 

But I also recognize the many qualities I appreciate about myself that come from her: my passion for dancing, music, fashion, and style; my sense of humor; and especially my love of hosting. Both of my parents hosted, but she did everything down to the dishes (though my father wiped those dishes dry). At the end of every party, my parents did their dishes dance, side by side, hips swaying in unison, her washing, him drying. It’s how I knew she was capable of affection—just not for me. Of course, if you asked my father about any of this, he would say, "She's this way because she loves you."
 
THE ART OF THE REFRAME
She died in 2000 but lives on as a voice in my head. Recently, I was asked what that voice actually says. I listened in and heard something different, not criticism but superstition.
Praise makes your head swell. 
Your friends and neighbors will tell you good stuff about yourself. The mother tells you what they won't.
Don't ever believe that good things last. You won't be prepared when things inevitably go bad.
These myths from my mother were part of a long-standing cultural tradition. While I appreciate what her fatalistic stance did for her, I did not appreciate it as a mothering philosophy. So I set out to look for a different one. I wanted to get my mother and me out of our stalemate as well as give my own kids a strategy to use whenever I started to resemble her less-than-lovely qualities. 

I stopped fighting her and instead began to tell her, always with a laugh, 
“Thank you for not giving up on me and for always trying to make me a better person. But you should know that you’ve done a good job.” 
In effect, I was telling her that she was okay instead of constantly having to prove that I was okay. 
 

HUMOR IS ONE OF THE BEST TOOLS FOR DIFFUSING CONFLICT.
I have used this strategy for decades to help people disentangle. Another strategy, depending on the severity of the situation, is realizing that you don’t have to reject a parent whole in order to not repeat their behaviors or simply make room for your own autonomy. You can take some pieces and leave others. To the woman who asked the question in the Q&A, and to all of you who say “Mmmm,” authenticity to yourself co-exists with loyalty to others. Maturity is our ability to hold these contradictions. This is foundational to all relationships. 
 

Let's Turn the Lens on You 
  • Do you, or did you, experience relational ambivalence with your mother? 
  • How did it show up for you?
  • What are the positive qualities you see in yourself that come from your mother?
  • The less-than-lovely qualities?
  • What myths did she pass on to you? Did they help? If not, how are you unlearning them?
  • What are you grateful to her for?
  • Do you wish you knew more about your mother? What questions would you ask? 
  • Do you wish you knew less? Why? 
  • What is a conversation with your mother you’ve only had in your head? 
  • What is a conversation you had with your mother that stays with you?



Esther Perel