segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Um Domingo de Dezembro...o último!




Não sei quantas almas tenho.
Cada momento mudei.
Continuamente me estranho.
Nunca me vi nem acabei.
De tanto ser, só tenho alma.
Quem tem alma não atem calma.

Quem vê é só o que vê,
Quem sente não é quem é,
Atento ao que sou e vejo,
Torno-me eles e não eu.

Cada meu sonho ou desejo
É do que nasce e não meu.
Sou minha própria paisagem;
Assisto à minha passagem,
Diverso, móbil e só,
Não sei sentir-me onde estou.

Por isso, alheio, vou lendo
Como páginas, meu ser.
O que sogue não prevendo,
O que passou a esquecer.

Noto à margem do que li
O que julguei que senti.
Releio e digo: Fui eu?
Deus sabe, porque o escreve.

Fernando Pessoa

Vida Nova. Nova Vida


O que coube neste momento, permaneceu.

As portas foram abertas. Tudo o que é novo foi bem-vindo e o que não se encaixava mais, teve a liberdade para sair, para se libertar.

Impressionante como a cada dia novos acontecimentos são capazes de (re)direcionar a minha vida, numa velocidade absurda, para caminhos até então não navegados.

O ano de 2010 foi um dos mais intensos.

Fim de ciclo. Resolução de pendências. Descoberta dos verdadeiros amigos, das verdadeiras vocações e do verdadeiro caminho a seguir, pelo menos essa é a primeira sensação que tenho.

Das lições, algumas duras, fui capaz de admitir os meus erros, capaz de falar mais alto em outras situações e aprender, de uma vez por todas, a entender o momento certo de sentir, perdoar e partir.

Toda a mudança, num primeiro momento, causa-nos medo, mas o novo é maravilhoso. A sensação de renascer/recomeçar não tem preço.

Está aberta a temporada do Balanço 2010. Inicia o teu. Faz análises. Revê os teus acertos e erros. Sonha. Imagina. Tenta acertar da próxima vez. O importante é: Tornar-se sempre alguém melhor.

.

E mais um ano que passou...


Somos sempre conduzidos pelas nossas emoções, sentimentos e desejos. Não podemos fugir de nós mesmos, não temos como fugir do que sentimos. O que sentimos faz de nós o que somos. Falta coragem para admitir, falta coragem para se ter coragem. Mais fácil esconder, dificil é assumir.

Isso é assustador para qualquer um, pois ainda não aprendemos a aceitarmo-nos, a conhecermo-nos melhor. Temos medo de sermos devorados pelos redemoinhos de nossas emoções, de vivermos o que sentimos, de mergulharmos no que realmente somos. Assim, comportamo-nos como a lagarta que, levada pelas águas, teve medo de se alimentar da folha na qual estava, com medo de se arriscar, cair na água, ser possuída por correntezas fortes demais e ser levada para lugares ilocalizáveis. Isso expressa também o nosso medo de amar, de se apaixonar, de se relacionar afectivamente com outra pessoa.

Realmente, os nossos sentimentos e emoções podem nos levar para terras distantes e desconhecidas, para territórios desertos de nós mesmos; podem nos conduzir para lugares ilocalizáveis; podem nos levar para longe, muito longe de muitas coisas, mas será sempre para perto, bem perto do nosso coração selvagem, para perto do que somos. As águas de nossos rios vêem de longe para nos dizer o que somos, vêm de nossas grutas, passam pelos outros para sentirmos a nós mesmos. Podemos represar essas águas ou fazê-las correr, fluir.Nós podemos ser uma represa, uma lagoa ou um rio.

Não podemos viver sentados na pedra no leito do rio nem vivermos como aquela árvore que tem suas raízes presas no rochedo. Mudar não é fácil. Às vezes sangra, a dor é grande e as lágrimas descem, mas como disse o mitólogo Joseph Campbell, sem sangue, lágrimas e dor, não existe a nova vida.

Devemos nos voltar para dentro de nós mesmos. Não para nos isolarmos dos outros e do mundo, mas para deixarmos desabrochar o nosso ser, aquele que pede liberdade, felicidade, que pede para amar sem restrições e ser amado incondicionalmente; aquele ser que pode fazer de nós uma pessoa melhor. Mas para tanto, como a lagarta, é preciso despojar a velha pele antes que a nova possa chegar

Joseph Campbell



Feliz ano novo a todos!


Muita coragem, muita saúde e acima de tudo, muitas verdades!

domingo, 26 de dezembro de 2010

Metade



Que a força do medo que tenho
Não me impeça de ver o que anseio

Que a morte de tudo em que acredito
Não me tape os ouvidos e a boca
Porque metade de mim é o que eu grito
Mas a outra metade é silêncio.

Que a música que ouço ao longe
Seja linda ainda que tristeza
Que a mulher que eu amo seja pra sempre amada
Mesmo que distante
Porque metade de mim é partida
Mas a outra metade é saudade.

Que as palavras que eu falo
Não sejam ouvidas como prece e nem repetidas com fervor
Apenas respeitadas
Como a única coisa que resta a um homem inundado de sentimentos
Porque metade de mim é o que ouço
Mas a outra metade é o que calo.

Que essa minha vontade de ir embora
Se transforme na calma e na paz que eu mereço
Que essa tensão que me corrói por dentro
Seja um dia recompensada
Porque metade de mim é o que eu penso mas a outra metade é um vulcão.

Que o medo da solidão se afaste, e que o convívio comigo mesmo se torne ao menos suportável.

Que o espelho reflita em meu rosto um doce sorriso
Que eu me lembro ter dado na infância
Por que metade de mim é a lembrança do que fui
A outra metade eu não sei.

Que não seja preciso mais do que uma simples alegria
Pra me fazer aquietar o espírito
E que o teu silêncio me fale cada vez mais
Porque metade de mim é abrigo
Mas a outra metade é cansaço.

Que a arte nos aponte uma resposta
Mesmo que ela não saiba
E que ninguém a tente complicar
Porque é preciso simplicidade pra fazê-la florescer
Porque metade de mim é platéia
E a outra metade é canção.

E que a minha loucura seja perdoada
Porque metade de mim é amor
E a outra metade também.

Oswaldo Montenegro

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

O meu Natal



Este ano, nunca encontrei tanta gente que detesta o Natal...o que me fez pensar:
O que me faz gostar tanto do Natal?
Para mim, o meu Natal começa logo no dia 1 de Dezembro,a fazer a Árvore de Natal. No fim, do dia, com a casa decorada, faz-se um lanche com Bolo Rei, chá e café para aconchegar a barriguinha...
E assim começa!!!

Ao longo do mês de Dezembro, existe em casa o Calendário de Natal, com uma bolsinha para cada dia do mês para lá por um doce, rebuçado ou uma pequena mensagem.

Não pode faltar o Circo du Soleil (visto que detesto circos com animais), os Concertos de Natal e a Ópera( os grandes clássicos), a Villa Natal em Óbidos(onde solto o meu lado Peter Pan e volto a ser criança), das ruas iluminadas na cidade, ...Tudo isto em Família!!!!
E assim é a preparação do meu Natal...

Depois, chega o solstício de inverno, na meia noite do dia 21 de dezembro, a noite mais curta do ano, que nos convida à introspecção, a fazer um balanço e a delinear compromissos.
E assim fico até ao dia 24 de Dezembro.

Eis que chega o dia e, começa-se a fazer os belheracos, os sonhos, as rabanadas, as azevias, o tronco de natal, o pão de ló, as farófias, temperar as carnes, fazer o pão no forno, sempre bem regadinho com o vinho do porto e a aguardente de fazer os doces ah ah ah
Chega a Noite da Consoada e a Festa começa: O Sol Criança renasceu!

Quando era mais nova, eu e os meus primos faziamos sempre um Teatro de Natal para toda a família...agora, com a família toda reunida(quando dá...)comemos o bacalhau cozido com couves( e no dia 25 fazemos a roupa velha com o resto que sobra), e os doces.
Ao fim da noite, já na casa de cada um, temos a lareira acesa com a mesa cheia de doces de natal, comemos e conversamos sobre o que nos vai na alma.
Conversamos a noite toda junto à lareira até adormecer, já a noite vai longa, e acordamos todos juntos na sala, ainda com a lareira acesa, e a mesa das sobremesas mesmo ali.
Bora lá fazer um cafezinho e comer mais uns docinhos...

No dia 25 de Dezembro lá está a família toda reunida para comer e cantar, e a tarde é reservada para ver filmes de natal, enroscados à lareira( a lareira não apaga durante 2 dias...Natal sem Lareira não é Natal)até dormir a sestinha uns para cada lado.
À noite, vai tudo a chá que já ninguém aguenta mais comida...

Muita gente nos dias de hoje detesta o Natal, mas eu acho que elas não gostam das pessoas em que se tornaram, egoístas e amargas. Habituaram-se a falar mal de tudo e não conseguem ver o lado positivo das coisas.
Acham que o Natal é uma hipocrisia e cinismo,que as pessoas ficam solidárias só no Natal pela publicidade e pelo mediatismo, etc e tal...
Para falar a verdade, já começo a estar cansada desta conversa porque, quem diz estas coisas é quem não faz nada pelos outros durante o ano inteiro, inclusivé no Natal.
Pelo menos os "cínicos" e os "hipócritas", independentemente dos seus motivos, põem um sorriso na cara uma vez por ano na cara de quem não tem motivos para sorrir durante o ano inteiro.
Depende da forma como vemos as coisas: Eu acho que todas as ajudas são bem vindas, nem que seja só no Natal!

O Natal é pura Magia e Fantasia!
É confraternizar, é alegria e muito amor!
E, até o pobrezinho dos mais pobrezinhos pode ter um Natal feliz.
Depende do espírito de cada um...eu desde 2004 que passo o Natal sozinha sem a família, mas na minha cabeça o meu Natal é o que está escrito aqui em cima, e isso ninguém me pode tirar, nem que eu esteja a tremer de frio a comemorar o Natal com os sem abrigo como já aconteceu.
O Natal somos nós que o fazemos!!!!

Vamos parar de nos queixar, de dizer mal da vida, e vamos aproveitar o que as pessoas que mais amamos têm para nos dar, nem que seja só uma vez por ano!!!!
Juntem as vossas famílias e, TENHAM UM NATAL FELIZ!!!!!

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Evanescence - My Immortal (Tradução) By: Alê



I'm so tired of being here
Suppressed by all my childish fears
And if you have to leave, I wish that you would just leave
'Cause your presence still lingers here and it won't leave me alone

These wounds won't seem to heal
This pain is just too real
There's just too much that time cannot erase

When you cried I'd wipe away all of your tears
When you'd scream I'd fight away all of your fears
And I held your hand through all of these years
But you still have all of me

You used to captivate me by your resonating light
Now I'm bound by the life you've left behind
Your face it haunts my once pleasant dreams
Your voice it chased away all the sanity in me

These wounds won't seem to heal
This pain is just too real
There's just too much that time cannot erase

When you cried I'd wipe away all of your tears
When you'd scream I'd fight away all of your fears
And I held your hand through all of these years
But you still have all of me

I've tried so hard to tell myself that you're gone
But though you're still with me
I've been alone all along

When you cried I'd wipe away all of your tears
When you'd scream I'd fight away all of your fears
And I held your hand through all of these years
But you still have all of me

Sean Connery - In My Life (Tradução)

                                                                     

There are places I remember all my life,
Though some have changed,
Some forever, not for better,
Some have gone and some remain.

All these places had their moments
With lovers and friends I still can recall.
Some are dead and some are living.
In my life I've loved them all.

But of all these friends and lovers,
There is no one compares with you,
And these memories lose their meaning
When I think of love as something new.

Though I know I'll never lose affection
For people and things that went before,
I know I'll often stop and think about them,
In my life I'll love you more.

Though I know I'll never lose affection
For people and things that went before,
I know I'll often stop and think about them,
In my life I'll love you more.
In my life I'll love you more.

Dave Chapelle - Men and Women Phsycology - Very True

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Cântico Negro



"Vem por aqui" - dizem-me alguns com olhos doces,
Estendendo-me os braços , e seguros
De que seria bom que eu os ouvisse
Quando me dizem: "vem por aqui"!
Eu olho-os com olhos lassos,
(Há, nos meus olhos, ironias e cansaços)
E cruzo os braços,
E nunca vou por ali ...

A minha glória é esta:
Criar desumanidade!
Não acompanhar ninguém.
- Que eu vivo com o mesmo sem-vontade
Com que rasguei o ventre a minha mãe.

Não, não vou por aí ! Só vou por onde
Me levam meus próprios passos ...

Se ao que busco saber nenhum de vós responde,
Por que me repetis: "vem por aqui"?
Prefiro escorregar nos becos lamacentos,
Redemoinhar aos ventos,
Como farrapos, arrastar os pés sangrentos,
A ir por aí ...

Se vim ao mundo, foi
Só para desflorar florestas virgens,
E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada!
O mais que faço não vale nada.

Como pois sereis vós
Que me dareis impulsos, ferramentas, e coragem
Para eu derrubar os meus obstáculos? ...
Corre nas vossas veias, sangue velho dos avós,
E vós amais o que é fácil!
Eu amo o Longe e a Miragem,
Amo os abismos, as torrentes, os desertos ...

Ide! tendes estradas,
Tendes jardins, tendes canteiros,
Tendes pátrias, tendes tectos,
E tendes regras, e tratados, e filósofos e sábios.
Eu tenho a minha Loucura!
Levanto-a , como um facho, a arder na noite escura,
E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios ...

Deus e o Diabo é que me guiam, mais ninguém.
Todos tiveram pai, todos tiveram mãe;
Mas eu, que nunca principio nem acabo,
Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo.

Ah, que ninguém me dê piedosas intenções!
Ninguém me peça definições!
Ninguém me diga: "vem por aqui"!
A minha vida é um vendaval que se soltou.
É uma onda que se alevantou.
É um átomo a mais que se animou ...
Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou,
- Sei que não vou por aí!

JOSÉ RÉGIO
 Antologia Poética, p.19

Sputnik, Meu Amor


"Banhado pela pálida luz da lua, o meu corpo perdera todo o sopro de vida, como uma figurinha de barro. Como se alguém me tivesse lançado um feitiço, como fazem os feiticeiros das ilhas das Índias Ocidentais, e insuflado de vida - a minha efémera existência - aquele pedaço de barro. A centelha vital extinguira-se. A minha verdadeira vida estava algures, adormecida, e uma pessoa sem rosto enfiara-a numa mala e preparava-se para fugir com ela.
Senti um calafrio tão violento que me deixou quase sem respiração. Algures, num local desconhecido, alguém trocara a ordem das minhas células, soltando os fios que mantinham a minha mente a funcionar. Não conseguia raciocinar. A única coisa a fazer era regressar o mais depressa possível ao meu refúgio habitual. Enchi os pulmões de ar e mergulhei no mar da minha consciência. Afastando as pesadas águas com a força das mãos, fui até ao fundo e agarrei-me com ambos os braços a uma pedra enorme. A água fazia uma pressão violentíssima sobre os meus tímpanos. Fechei os olhos, semicerrei as pálpebras com toda a força, sustive a respiração, tentando a todo o custo resistir. Uma vez tomada a decisão, não foi assim tão difícil. Aclimatei-me aos repetidos sinais de caos - à pressão da água, à falta de ar, à escuridão gelada. Era algo que eu me habituara a dominar, vezes sem conta, desde criança.
O tempo invertia-se, andava para trás, desaparecia, reorganizava-se. O mundo expandiu-se infinitamente - sem por um momento deixar de estar definido e limitado. Imagens nítidas - apenas imagens - passavam ser fazer barulho por corredores escuros, como medusas, almas à deriva. Evitei olhar para elas. Se desse sinal de tê-las reconhecido, nem que fosse por um breve instante, começariam de imediato a fazer sentido. O sentido estava ligado à temporalidade, e a temporalidade obrigava-me a regressar à superfície das águas."

Haruki Murakami
in, "Sputnik meu amor"

Escrevo-te para devolver o que nunca deste...


"Escrevo-te do lugar onde nos encontrámos e separámos.
A velha estação de comboio, à beira das árvores despidas pelo vento, ao cair da tarde, ao cair de Setembro. O comboio que te trouxe e levou.
Escrevo-te daqui. Do lugar onde disseste:ficarei para sempre. E partiste.
A marca da despedida na ultima página do teu diário.
Do lugar onde estragámos a festa, espantámos a caça, atrapalhámos o trânsito.
O lugar onde nos encontrámos e separámos: o Outono.
Escrevo-te do lugar onde marcámos o nosso desencontro.
Íamos de viagem e o comboio parou, durante dois anos,na estação mais sinistra do percurso.
Ficámos ali sozinhos no centro do nada.
Onde está o maquinista, os outros passageiros?
Nenhuma explicação, ninguém a quem apresentar queixa.
Encalhámos no Outono. Conhecemo-nos em Julho e já era Outono.
Nunca saímos do Outono. Não houve Primaveras nem Verões nos anos do nosso amor. Ficámos suspensos a ver as árvores despirem-se.
Olhei-te, confundido: porque nos atiraste para aqui?
Mas tu eras muito jovem e não ouvias. Estavas deslumbrada com a tua força. Paraste o mundo no Outono.
Ergueste uma barreira e conseguiste deter o próprio movimento do planeta.
Uma barreira de mentiras e ardis, de perfídias e cobardias, acinte e frio e vazio, tu que gostavas de brincar com palavras com muitos iis.
Escrevo-te do lugar onde humilhámos o Universo.
Para te devolver tudo.
As carícias que esqueceste.
As cartas que não escreveste.
E as que nunca abriste.
Escrevo-te para devolver tudo o que não deste.
E as horas de desespero, de olhos fechados em frente ao mar.
A espera inexorável e mesquinha, junto ao telefone.
Escrevo-te para devolver a marca da esperança louca,na última página do meu diário. Escrevo-te. Para devolver o Outono."

MAINTENANT JE SAIS







Quand j'étais petit, haut comme trois pommes
Je parlais bien fort... pour être un homme
Je disais: "Je sais, je sais... je sais"
C'était le début, c'était le printemps
Et quand j'ai eu mes dix-huit ans
J'ai dit: "Je sais... ça y est, cette fois, je sais"

Et aujourd'hui, des jours, je me retourne
Je regarde la terre, où j'ai quand même fait les cent pas
Et je sais toujours pas comment elle tourne
Vers vingt-cinq ans, je savais tout
L'amour, les roses, la vie, les sous
Ben oui! L'amour... j'en avais fait tout le tour
Mais heureusement, comme les copains
J'avais pas mangé tout mon pain
Au milieu de ma vie... J'ai encore appris
Ce que j'ai appris?... ça tient en trois-quatre mots

Le jour où quelqu'un vous aime... il fait très beau
Je peux pas mieux dire... il fait très beau
C'est encore ce qui m'étonne dans la vie
Moi qui suis à l'automne de ma vie
On oublie tant de soirs de tristesse
Mais jamais un matin de tendresse
Toute ma jeunesse, j'ai voulu dire: "Je sais"

Seulement, plus je cherchais et puis moins je savais
Y'a cinquante coups qui ont sonnés à l'horloge
Je suis encore à ma fenêtre, je regarde et je m'interroge
Maintenant, je sais... Je sais qu'on ne sait jamais

La vie, l'amour, l'argent, les amis et les roses
On ne sait jamais le bruit, ni la couleur des choses
C'est tout ce que je sais... mais ça je le sais!


Philip Green - Jean-Loup Dabadie (1974)